Doença é caracterizada por alterações no processamento de imagens e prejudica algumas habilidades, como a leitura
Realizar algumas atividades rotineiras, como andar de bicicleta ou descer escadas, traduz-se como tarefas não tão fáceis para algumas pessoas, e o problema pode estar ligado à distorção visual, um dos sintomas associados à Síndrome de Irlen.
A doença, assim como a dislexia, é caracterizada por alterações de processamento visual em nível cerebral, que atinge de 15% a 20% das pessoas em todo o mundo. "A alteração no processamento cerebral da visão afeta diretamente a forma com que as pessoas interpretam o espaço e apreendem informações sobre o mundo", explica a oftalmologista Márcia Guimarães.
Além de dificuldades no desempenho das tarefas rotineiras, a síndrome pode prejudicar as habilidades de leitura e está presente no caso de pessoas que batem o carro sempre do mesmo lado, que não conseguem andar na escada rolante ou que não possuem visão dinâmica para acompanhar a transmissão de alguns jogos ou praticar esportes com bola. "Não conseguia descer escadas sem o apoio do corrimão", conta Heloisa Mara Santos, 46 anos. De acordo com a pedagoga, o desconforto visual era algo que prejudicava inclusive as habilidades pessoais.
"Procurei vários médicos até obter o diagnóstico correto de Síndrome de Irlen. Hoje, consigo realizar todas as atividades com a utilização de filtros seletivos de visão, adaptados aos óculos".
A Síndrome de Irlen apresenta manifestações principais, como hipersensibilidade à luz, distorções visuais durante a leitura, restrição do campo visual periférico, dores de cabeça, dificuldade de adaptação a
contrastes e na manutenção da atenção.
Alguns sintomas físicos recorrentes são o lacrimejamento, coceira e ardência ocular, esfregar os olhos constantemente, fazer sombra nos olhos enquanto lê, apertar e piscar os olhos excessivamente, balançar ou tombar a cabeça, cansaço após 10 a 15 minutos de estudos e leitura na penumbra. O diagnóstico é
diferenciado, uma vez que a síndrome não pode ser detectada por meio de exames oftalmológicos de rotina, nem por testes padronizados para verificação de dificuldades de aprendizagem.
Como uma forma de auxiliar na detecção de sintomas e, ainda, esclarecer e desmistificar os conceitos sobre a Síndrome de Irlen e a dislexia, a distorção visual será tema do XVI Curso sobre os Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão, promovido pela Fundação Hospital de Olhos. O evento, que é voltado
para profissionais da educação e da saúde, ocorrerá em Belo Horizonte entre os dias 21 e 23 de julho e será dividido em aulas teóricas e práticas.
A capacitação já formou cerca de 1.340 profissionais de mais de 150 municípios, em 20 estados brasileiros. Os participantes serão certificados para a aplicação dos testes, além de integrar a Rede Nacional de Screeners. A programação está disponível no site: www.dislexiadeleitura.com.br.
Fone: Opticanet