26 de nov de 2024

Check-up oftalmológico no início do ano letivo ajuda a prevenir e tratar problemas visuais que podem comprometer o aprendizado de crianças e adolescentes

Janeiro está terminando e o ano letivo já vai se iniciar. A saúde ocular das crianças e adolescentes deve ser uma prioridade em meio aos preparativos para a volta às aulas. Isso porque o sentido da visão interfere diretamente na maneira como o cérebro recolhe e interpreta a informação visual. Considerando que cerca de 80% das informações processadas no ambiente escolar são visuais, atividades como a leitura, por exemplo, podem se tornar bastante desconfortáveis ou mesmo difíceis para quem não tem uma boa acuidade visual.  "Algumas crianças que têm um baixo rendimento escolar ou apresentam um desinteresse nas matérias escolares podem ter esse tipo de comportamento porque simplesmente não conseguem focar nas letras dos quadros ou dos livros", explica a oftalmologista Dra. Isabela Rita Cunha, especialista em Estrabismo. 

Crianças com problemas de visão muitas vezes não conseguem dizer que estão com dificuldade de enxergar. Isso porque elas não possuem a percepção de que há algo de errado, afinal, sempre viram o mundo dentro de suas condições. Sendo assim, uma ida ao oftalmologista é uma providência essencial para identificar qualquer alteração visual e garantir um bom desenvolvimento cognitivo. "Erros de refração como miopia, hipermetropia ou astigmatismo podem interferir no aprendizado e, se não tratados precocemente, essas condições podem se agravar levando ao estrabismo, devido ao esforço visual e à progressão da ambliopia, com a diminuição gradativa da acuidade visual em um dos olhos", aponta a médica.

Segundo o artigo "Diretrizes Brasileiras sobre avaliação oftalmológica de crianças saudáveis menores de 5 anos: exames recomendados e frequência", publicado em 2021, no jornal Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, alterações refracionais são responsáveis por até 69% dos problemas visuais que aparecem na infância. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a miopia é um dos mais preocupantes, tanto que foi apontada pela instituição como um dos problemas de saúde pública que mais crescem mundialmente. Dados da OMS mostram que até os cinco anos o número de crianças que sofrem de miopia é de cerca de 1%. Aos 10 anos, a porcentagem sobe para 8% e aos 15, já chega aos 15%. "Dependendo da idade da criança e do grau que ela apresenta, se os problemas não forem corrigidos podem levar à deficiência visual", alerta a Dra. Isabela.

No Brasil, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima que 30% do público infantil em idade escolar têm problemas refrativos – ratificando os dados internacionais, a miopia é um dos mais comuns – porém, apesar disso, 80% nunca fizeram uma avaliação visual.  A Dra. Isabela ressalta que a simples correção de erros de refração pode resolver muitos problemas de maneira rápida e fácil. Entretanto, olhos saudáveis e acuidade visual normalizada não são garantia de que o aluno terá ampla capacidade de sucesso escolar. Isso porque alguns problemas podem estar relacionados com a incapacidade do cérebro de interpretar o que os olhos vêem. "Se for esse o caso, a pessoa vai gastar a maior parte da energia tentando decodificar as letras e isso atrapalha sua capacidade para compreender e recordar o sentido da palavra ou o seu contexto. Por isso, é fundamental realizar um exame abrangente para averiguar não só a acuidade visual, mas também a fixação visual, a acomodação, a binocularidade, os movimentos oculares, a convergência, a coordenação olho/mão e processamento da informação visual. Isso é que poderá nos dar um diagnóstico mais preciso sobre a situação do paciente", garante a especialista.

A oftalmologista acrescenta que o ideal é ter um acompanhamento oftalmológico desde cedo, já que aprendemos a usar os olhos ao longo do tempo e o processo de maturação visual só se completa por volta dos 7 a 8 anos de vida. Os dois primeiros anos são de extrema importância para o desenvolvimento visual, pois é quando o cérebro está aprendendo a enxergar. Nessa fase, o bebê começa a fixar a imagem, desenvolve a visão em profundidade (3D) e aprende a trabalhar os olhos de forma conjugada. "A visão é um sentido muito complexo. A luz refletida pelos objetos atravessa a córnea, a pupila, o cristalino e a imagem chega invertida à retina, onde células especializadas a codificam e o nervo óptico leva o estímulo para o cérebro que a devolve para a consciência em uma fração mínima de tempo. Qualquer alteração pode desmobilizar o mecanismo da visão da criança. Aos seis meses, por exemplo, já é possível identificar se a criança já deve usar óculos", assegura.

Contudo, é durante a vida escolar que as habilidades visuais são mais exigidas. Por isso, é importante que pais e professores estejam alertas aos sinais de que algo pode estar errado com a visão da garotada. "Além da queda do rendimento e desinteresse nas atividades escolares, alguns fatores como o hábito de apertar os olhos para ler ou ver televisão, olhos vermelhos e lacrimejantes e queixas de dor de cabeça geralmente no final do dia são indicativos que algo não vai bem com a visão", explica a especialista. Ela chama atenção, ainda, para os reflexos causados pelo isolamento da pandemia nos últimos anos, já que o aumento da exposição das crianças às telas de eletrônicos está diretamente ligado ao crescimento do número de casos de miopia entre crianças e adolescentes até 19 anos. "Levar seu filho regularmente ao oftalmologista é fundamental para evitar o atraso no aprendizado escolar e garantir o desenvolvimento saudável de meninos e meninas", finaliza a Dra. Isabela Rita.

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: assessoria de comunicação do grupo Opty