19 de Abr de 2024

O Hospital São Paulo, na capital, recebeu neste mês um novo aparelho de laser para tratar doenças de retina por meio de fotocoagulação personalizada, que permite que o médico programe a aplicação do laser de acordo com o problema do paciente. A compra foi realizada em parceria com o Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Chamado de Pascal (laser de varredura padrão, na sigla em inglês), o equipamento é o primeiro na América Latina e está disponível somente pelo Sistema Único de Saúde. Deve ser aplicado para tratar, principalmente, retinopatia diabética, doença ocular manifestada por alterações nos vasos sanguíneos que circulam na região causadas pelo diabetes e principal causa de cegueira entre pessoas de 25 a 60 anos. É usado a dois anos em outras partes do mundo e é considerado um dos melhores tratamentos para esse problema.

Em comparação com os aparelhos de laser disponíveis no Brasil para tratar problemas dessa região do olho, o Pascalse mostra mais preciso e torna o tratamento mais rápido.

"Esse novo laser é aplicado de maneira diferente na retina. Normalmente, a luz queima a região de maneira descontrolada; nesse caso, é possível aplicá-la em pulsos curtos. Isso permite ao médico atuar sobre a retina sem destruir a área em volta, com menor difusão do calor e menos dor", afirma o oftalmologista Rubens Belfort Jr., presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.

Segundo Belfort, a dor e o incômodo durante o tratamento podem fazer com que o procedimento convencional seja interrompido, postergando o resultado final. "O indivíduo vem, sente dor e, às vezes, não conseguimos fazer os dois olhos no mesmo dia", diz. Em geral, são necessárias ao menos quatro sessões de laser convencional em cada olho para completar o tratamento contra retinopatia diabética. Com o novo aparelho, é possível concluir a terapia em até duas sessões.

"O aparelho custa três vezes mais do que outros, cerca de US$ 150 mil, mas o custo-benefício compensa. Em 15 minutos, é possível tratar o paciente sem dor", acrescenta Belfort.

O aparelho deverá ser usado em mutirões de tratamento de diabetes ocular organizados pelo Hospital São Paulo.

"Por ser mais preciso, trata de uma área toda do olho de maneira homogênea. É especialmente interessante em grandes serviços com volumes grandes de paciente. O tratamento é muito mais rápido e é possível tratar muito mais gente", compara o oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Mello Filho, especialista em retina e vítreo e membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

O acesso ao tratamento com laser de Pascal é restrito somente a pacientes encaminhados pelo setor de oftalmologia da Unifesp.

O hospital receberá ainda neste ano outro aparelho semelhante, programado para tratar glaucoma (doença relacionada à pressão ocular elevada), também de maneira mais precisa.

 

Fonte: Portal Folha