O tempo seco que predomina em boa parte do país tem deixado os olhos mais vulneráveis a irritações, e agravado problemas como a síndrome do olho seco e a conjuntivite, alertam os oftalmologistas.
Mesmo para aqueles que têm uma produção lacrimal normal, a secura do ar pode provocar um desconforto leve. Já os que possuem alguma deficiência na produção de lágrimas ficam mais suscetíveis a infecções oculares.
Com o clima seco, a lágrima – que reveste a córnea - evapora mais facilmente e deixa os olhos menos protegidos. O incômodo aumenta. Os sintomas são de sensação de corpo estranho, cansaço visual no final do dia (com as pálpebras mais pesadas), coceira e vermelhidão.
”É como uma situação em que se fica virado de frente para o ventilador. Alguns minutos depois, você precisa piscar mais rápido e sente maior desconforto”, afirma Newton Kara, professor de oftalmologia da USP e da Unicamp.
Em meados de junho, 12 Estados – Acre, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rondônia, São Paulo e Tocantins –, além do Distrito Federal, registraram níveis de umidade relativa do ar abaixo dos 30%, índice considerado preocupante pela Organização Mundial da Saúde. Para o início dejulho, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a baixa umidade deve prevalecer.
No tempo seco, o equilíbrio entre os olhos e o ambiente se altera. Com o ressecamento da lágrima, a córnea fica diretamente exposta ao ambiente e a bactérias.
Para aliviar os olhos, pode-se usar o colírio de lágrima artificial. “Mas, mesmo que o desconforto esteja grande, não use colírios antibióticos ou com corticóide sem acompanhamento médico. Eles podem desencadear problemas como glaucoma ou catarata”, alerta o presidente do Instituto da Visão da Unifesp,
Rubens Belfort.
A lágrima é composta por três camadas: a interior, formada por muco, a exterior, mais oleosa, e uma terceira, na porção intermediária, composta de material aquoso, explica Kara.
Quando a camada aquosa sofre evaporação, “a visão fica borrada e o olho passa a contar com menos defesas”, diz o médico professor de oftalmologia.
Nesta época do ano, a poluição e o frio em determinados dias contribuem para o surgimento de alergias e infecções, afirma Belfort. “Fica um ciclo de poluentes, frio e ar seco, o que compõe um ambiente bastante prejudicial aos olhos.
”Os casos de conjuntivite aumentam na medida em que a circulação de vírus é mais intensa no frio.
Olho seco
Assim, mesmo as pessoas que não têm a chamada síndrome do olho seco – deficiência na quantidade de lágrimas que o olho produz –, acabam sofrendo irritação.
De acordo com Kara, até 50% da população acaba sofrendo um desconforto nessa época.
A síndrome do olho seco acomete em geral mulheres durante e após a menopausa. Pessoas que sofrem de doenças inflamatórias ou hormonais ou ainda distúrbios da tireóide apresentam a síndrome do olho seco com freqüência maior.
Fonte: Clique Saúde