04 de Mai de 2024
Receita obrigatória para antibióticos aumenta uso de colírios de venda livre. Conduta pode causar doenças graves e mascarar a conjuntivite bacteriana, comum no verão

A resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que proíbe a venda de antibióticos sem receita médica desde o final de novembro está fazendo muitas pessoas procurarem alternativas para tratar irritações oculares. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, os prontuários do hospital onde ele atende mostram que durante o mês de dezembro 1 em cada 2 pacientes já chegavam aos consultórios usando colírio por conta própria. 

Significa que a automedicação aumentou 10% neste período. Isso porque, um estudo finalizado pelo médico em 2007 aponta que no verão o uso de colírios sem prescrição atinge 40% contra 30% no restante do ano.

O calor facilita a proliferação de bactérias. Não por acaso, nesta época do ano cresce a incidência da conjuntivite bacteriana, infecção da conjuntiva, membrana que recobre a pálpebra e a esclera (parte branca do olho). A única terapia eficaz para combater a doença é a instilação de colírio antibiótico. “Usar outro tipo de medicação pode até aliviar os sintomas, mas mascara a infecção e torna a bactéria mais resistente” afirma o oftalmologista. Resultado: o tratamento precisa ser prolongado. Usar colírio antibiótico por muito tempo, diminui a imunidade dos olhos, predispõe à úlcera na córnea e outras infecções.

Efeitos colaterais

As complicações não param por aí. A maioria dos brasileiros tem um frasco de colírio vasoconstritor em casa que é usado para qualquer vermelhidão nos olhos. O medicamento é indicado para irritações oculares. Clareia os olhos porque contém um princípio ativo que contrai os vasos. O problema é que o uso indiscriminado pode causar olho vermelho crônico, antecipar a formação da catarata (opacificação do cristalino), induzir à hipertensão e alterações cardíacas.

Outro colírio perigoso, alerta, é o anti-inflamatório que contém corticóide. Isso porque, a administração prolongada sem acompanhamento médico pode causar catarata precoce e glaucoma, doença assintomática que é a maior causa de cegueira irreversível. O especialista esclarece que geralmente estas doenças 
aparecem depois de três meses de uso, mas podem ocorrer antes, dependendo da predisposição de cada pessoa, idade, outros medicamentos em uso e condições da saúde.

Mesmo o anti-inflamatório não-hormonal (sem corticóide) e a lágrima artificial não devem ser usados sem acompanhamento médico. Isso porque podem desencadear processos alérgicos, especialmente em quem tem histórico de alergia.

Prevenção

Outras doenças oculares comuns no verão são: conjuntivite viral, conjuntivite tóxica, síndrome do olho seco e fotoceratite (inflamação da córnea decorrente do excesso de exposição ao sol). Todas deixam os olhos vermelhos, destaca, mas cada uma tem um tratamento específico.

As dicas do médico para manter a visão saudável no verão são:

1 - A qualquer desconforto, lavar abundantemente os olhos.

2 - Fazer compressas com água fria por 2 dias. Não desaparecendo os sintomas, consultar um oftalmologista.

3 - Manter as mãos limpas.

4 - Evitar tocar os olhos

5 - Não compartilhar colírio, maquiagem, toalhas e fronhas.

6 - Descartar sobras de colírio.

7 - Usar óculos de natação na praia e piscina.

8 - Proteger os olhos do sol, usando lentes com filtro UV, chapéu ou boné.

9 - Beber 2 litros de água/dia

10 - Incluir semente de linhaça, chá verde, frutas e legumes na alimentação.

11 - Evitar o uso de filtro solar ou bronzeador na região periocular.

12 - Retirar lentes de contato em viagens aéreas, raia e piscina.



Fonte: LDC Comunicação