28 de Abr de 2024
Conjuntivite tóxica, infiltrados na córnea e alergia, são os principais riscos

Entre brasileiros os olhos representam a segunda parte do corpo mais afetada durante o calor. Só perdem para o câncer de pele que deve somar 114 mil novos casos em 2010 conforme dados do Instituto Nacional do Câncer. Até o uso de óleo bronzeador pode causar doenças oculares. De acordo com o oftalmologista 
Leôncio Queiroz Neto, são lesões causadas pela toxidade dos componentes, especialmente os conservantes. Chegam aos olhos através de mãos besuntadas, suor e aplicação em excesso. O problema é que a população desconhece o risco do contato dessas substâncias com a mucosa ocular.

Só para se ter uma idéia, o especialista diz que no calor 39% das ocorrências de conjuntivite tóxica estão relacionadas ao uso de bronzeador. Trata-se da inflamação da conjuntiva, membrana que recobre a esclera (parte branca do olho) e a superfície interna da pálpebra. Ao perceber a penetração o recomenda-se lavar os olhos, com água, abundantemente e interromper o uso. 

Para aliviar o desconforto podem ser feitas compressas com água fria filtrada e aplicar lágrima artificial. Não desaparecendo os sintomas de ardência, incômodo com a luminosidade (fotofobia) e lacrimejamento é necessário consultar um especialista.

Baixa imunidade pode agravar efeito

Em pessoas com baixa imunidade o contato dos olhos com substâncias tóxicas pode acarretar infiltrados na córnea, uma complicação potencialmente grave da conjuntivite tóxica mal tratada. "São pequenos pontos opacos que resultam da reação inflamatória e embaçam a visão", afirma. O tratamento exige uso de 
corticóide tópico, mas só deve ser feito com acompanhamento médico. Isso porque, se for interrompido abruptamente piora o quadro. Por outro lado, este tipo de colírio predispõe à catarata e ao glaucoma. Só deve ser aplicado quando o benefício é maior que o risco.

Em portadores de alergia a medicamentos, os bronzeadores podem provocar conjuntivite alérgica que tem como principal diferencial a coceira intensa. Por ser uma doença crônica que se torna aguda no calor. Quem tem reação alérgica a um bronzeador ou qualquer outra substância que penetre nos olhos não deve repetir o uso. Isso porque, o organismo cria uma "memória" dos alérgenos a que é exposto. Quanto maior a exposição, maior a chance de surgir intolerância ao contato com outros produtos.

Como proteger os olhos sem perder o bronzeado

Para quem não abre mão do corpo dourado, a boa notícia é que o banho de sol pode até fazer bem aos olhos, desde que tomado antes das 10 e depois das 15 horas. Isso porque, o sol ajuda absorver vitamina D, essencial para os ossos e metabolismo da vitamina A, um importante nutriente para a visão.
 
As dicas do especialista para associar o bronzeado à saúde ocular são:

1 - Óculos com lentes que filtram a radiação UV (Ultravioleta) protegem os olhos da conjuntivite tóxica, alergia, aparecimento precoce da catarata (opacificação do cristalino), fotoceratite (inflamação da córnea), degeneração da retina e pterígio (membrana que cresce sobre a conjuntiva).

2 - Óculos escuros sem proteção UV permitem a maior penetração da radiação no globo ocular e são mais perigosos que a falta deles.

3 - Use lentes com filtro inclusive nos dias nublados. A radiação UV passa pelas nuvens.

4 - Câmaras de bronzeamento devem ser evitadas porque emitem radiação UV do tipo A que penetra mais profundamente no globo ocular.

5 - Evite usar autobronzeador na região periocular. Pode causar alergia, conjuntivite tóxica, intensificar o escurecimento das olheiras e causar manchas.

6 - Alimentos como o mamão e a  cenoura têm efeito similar ao autobronzeador por depositar caroteno na pele e protegem a visão.

7 - Mais de 300 medicamentos contêm substâncias fotossensibilizantes que potencializam os efeitos nocivos do sol. Na dúvida, proteja os olhos sempre.

8 - Tome bastante água. O calor do sol resseca a lágrima, aumentando os casos da síndrome do olho seco.

9 - Mantenha as mãos limpas e evite tocar os olhos. O calor facilita a proliferação de bactérias e os casos de conjuntivite bacteriana.



Fonte: Opticanet