25 de Abr de 2024
O homem e o cão possivelmente tornaram-se amigos na Idade da Pedra. Provavelmente o cão aproximou-se do homem para aproveitar-se de sua capacidade em desperdiçar alimentos. Certamente, foi o homem também, que viu no cão, um bom amigo para ajudar nas caçadas, principalmente porque, os cães vivem em matilhas e são capazes de matar animais bem maiores que eles. Isto associado as rudimentares ferramentas de pedra, dava um bom resultado para todos. Como prova dessa associação, temos os achados em antigas cavernas, de esqueletos de homens enterrados juntos aos seus cães.

O homem também devia admirar a grande capacidade dos cães para descobrir coisas através o seu faro e também de sua capacidade para procurar e escutar, muito superiores, a dos homens. Os índios das Américas, bem como, as comunidades pobres, convivem com grande numero de cães, desde centenas de anos, provavelmente aproveitando-se das inúmeras qualidades desses animais, como por exemplo, tornar-se bravio em defesa de seus superiores, os homens. Essa união entre o homem e o cão, pode ser confirmada pelos estudiosos, através escavações, há duzentos séculos. Enquanto que, os ancestrais dos cães modernos, tem sido encontrados há milhares de séculos.

Mais recentemente desde há 3 ou quatro séculos os pintores tem retratado a união do cego com o cão. Sempre o cão conduzindo o cego com a ajuda de uma coleira, tendo numa mão um pratinho para moedas, e na outra uma bengala. Mais antigas, porém inquestionáveis, são as evidências, muito antes da escrita, de associações dos cegos e seus cães. Mesmo hoje, devem haver milhares de cegos, que de uma ou outra maneira, encontraram um jeito de educar os seus próprios cães, levando-os a aprender e ajudá-los a caminhar em casa e nas ruas. Lembro-me muito bem, lá pelos idos dos anos 50, em visita a Blumenau, de ter visto cães pastores carregando uma cesta na boca, ou amarrada às costas, tendo nelas dinheiro e um papel, onde o dono escrevia o que desejava. Isto significa, que o cão ia sozinho ao jornaleiro, ao açougue, a mercearia e outros, trazendo a mercadorias para casa.

O Cão Guia Moderno

Muitas vezes se tem dito, que um dos melhores assuntos jornalísticos, é a historia de um homem que mordeu um cachorro. Felizmente o cão, desde o começo do século passado, tem sido apreciado muito mais, por suas humanitárias capacidades.

Durante a primeira guerra mundial, os alemães treinaram cães para agirem como mensageiros, levando ordens aos entrincheirados soldados do front de guerra. Eles iam e vinham levando à noite aquelas mensagens. Usavam também, pombos correios, que apenas voltam e nunca vão.

Terminada a guerra, os treinadores alemães, sentiram a importância de treinar cães para cegos. Inicialmente para os soldados que voltaram da guerra e depois para todos. Isso começou em Potsdam sob a direção de Rueker e Wecherling em 1923.

Foi ali perto, que uma jornalista norte-americana, em 1927, chamada Dorothy Harrison Eutis, esposa de um embaixador, e vivendo na Suíça, depois de visitar a escola de Potsdam, escreveu um artigo sobre o que tinha visto, para o Jornal norte-americano The Saturday Evenig Post.  O titulo do artigo foi “The Seeing Eyes” (olhos vigilantes ou protetores). Em resposta ao seu artigo, Mrs.Eustis, que nessa época já havia treinado e criado cães para alguns serviços do exercito suíço, recebeu um pedido para conseguir um cão, de Morris Frank, um cego norte- americano, famoso.

Desafio esse que Mrs Eustis aceitou e assim, educou um cão em sua casa, na cidade de Vevey, na Suíça, seguindo a experiência alemã. Para tanto o sr Morris Frank, teve que viajar para a Suíça . Ao retornar para Nova York foi recebido, em l928, por cerca de 50 jornalistas, que o receberam no cais do porto e pediram a Frank que lhes mostrasse se o cão era capaz de atravessar ruas, conduzindo o cego. Foi a quinta avenida a
escolhida e que mesmo naquela época, era a mais movimentada da cidade, e cheia de automóveis. Morris aceitou e cruzou a Avenida sem problemas, aguardando por um bom tempo, que os jornalistas conseguissem chegar ao outro lado. O sucesso foi total.

Esse cão se chamava Buddy I e foi o primeiro cão a ser treinado por um americano, embora o cego e Senador Thomas Schall de Minnesota tenha, dois anos antes, usado um cão treinado na Alemanha. Hoje existem cerca de 10 escolas nos Estados Unidos, sendo a pioneira denominada de “The Seeyng Eyes” e ainda hoje a maior escola.


Fonte: Escola de Cães Guias Helen Keller