24 de Abr de 2024

Mais da metade das causas da cegueira infantil no Brasil podem ser evitadas. Número de crianças cegas no mundo é de cerca de 1.4 milhão
 
Mais da metade das causas de cegueira infantil no Brasil são evitáveis e poderiam ser prevenidas. O alerta é do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) que está lançando o Programa de Incentivo à Educação do Paciente, que tem como objetivo prevenir a cegueira e levar a saúde ocular para toda a população brasileira. A prevenção de doenças e a consulta de rotina com o oftalmologista são duas atitudes simples e que contribuem para a redução dos casos da doença nesta fase da vida.

"A ideia é incentivar e potencializar a discussão do assunto com os pacientes como forma de prevenção e diagnóstico precoce da doença. Com isso, esperamos promover a atenção e conscientização da população quanto à importância das ações preventivas em doenças passíveis de controle e tratamento, com potencial de cegueira irreversível, como o glaucoma e retinopatia", explica o presidente do CBO, o médico Paulo Augusto de Arruda Melo.
 
O Programa de Incentivo à Educação do Paciente inclui também ações voltadas para o oftalmologista. Por isso, o CBO está disponibilizando para esses profissionais um kit com material educativo e apresentações para realização de palestras. Nele há duas cartilhas com informações para a população sobre como evitar acidentes oculares mais comuns e sobre a importância dos cuidados com a visão nas diferentes fases da vida.
 
Em todo o mundo, estima-se que o número de crianças cegas situa-se em torno de 1,4 milhão. A prevenção da cegueira infantil é uma das cinco prioridades da Iniciativa Global da Organização Mundial de Saúde/Agência Internacional de Prevenção da Cegueira (IAPB) “Programa Visão 2020 - pelo direito à visão”.
 
Cegueira infantil compromete o desempenho da criança para o resto da vida
 
A cegueira infantil tem impacto negativo no desenvolvimento da criança, com repercussões para a família, comprometendo as perspectivas pessoal, educacional, econômica e social. Por isso, mesmo quando não há uma queixa específica, a criança deve ser levada a um oftalmologista. Quanto mais cedo detectado o problema, mais facilmente ele poderá ser tratado. Além disso, muitas causas da cegueira infantil como rubéola, toxoplasmose, meningite, prematuridade, catarata pediátrica podem ser tratadas ou prevenidas através da adoção de medidas acertadas.
 
O problema de visão nas crianças em fase escolar também preocupa já que é uma das principais causas do desinteresse pelas aulas e a dificuldade de aprendizado. Elas estão associadas ao comprometimento visual, o que acaba interferindo no rendimento escolar. De acordo com o CBO, 30% das crianças nessa fase, com idade entre sete e 14 anos, apresentam problemas de refração que comprometem o empenho diário. É no início da vida escolar que se deve começar a perceber a presença de problemas refrativos como miopia, astigmatismo e hipermetropia. Por isso, é recomendável levar a criança para um novo exame oftalmológico na alfabetização. Durante essa fase, a visão se desenvolve e, por isso, é muito importante que doenças oculares sejam tratadas o quanto antes.
 
"A consulta oftalmológica é uma medida preventiva importante, mas alguns sintomas podem indicar a presença de alteração", orienta o presidente do CBO. "A detecção de problemas de visão em estudantes pode ser feita por professores, agentes de saúde ou técnicos em oftalmologia devidamente treinados. Essa triagem escolar deve ser realizada anualmente e os casos suspeitos devem ser encaminhados para exame com oftalmologista", destaca.
 
Um problema importante que precisa ser corrigido ainda durante o período escolar é a ambliopia, ou “olho preguiçoso”. É uma situação na qual a visão não se desenvolve plenamente em um dos olhos, embora sua aparência seja normal. Com o passar do tempo, o cérebro ignora as imagens que vem desse olho “fraco”, de tal forma que ele perde a visão. O portador de ambliopia tem dificuldade para perceber distâncias e profundidade, além de correr riscos de cegueira total, caso venha algum dia a perder a visão de seu olho saudável. A ambliopia pode ser curada se o tratamento (que requer o uso de um tampão sobre o olho sadio, de modo que o olho “preguiçoso” seja estimulado) for realizado antes que a visão tenha atingido a maturidade. Por isso, mesmo que não apresente aparentemente nenhum problema de visão, a criança deve ser examinada por um oftalmologista em seus primeiros anos de vida.
 
Conheça alguns sintomas podem indicar a presença de um problema oftalmológico em crianças em fase escolar:

· Baixo rendimento escolar
· Olho torto (vesguice ou estrabismo);
· Dor de cabeça ou mal-estar durante ou após realizar um esforço visual, como ler, desenhar ou escrever;
· Franzir a testa ao olhar para longe;
· Aproximar objetos, livros ou cadernos dos olhos;
· Desinteresse por atividades que exijam boa visão ou leitura.
 
Cartilhas ensinam como proteger a visão em todas as fases da vida
 
Muitas pessoas podem evitar a cegueira simplesmente conhecendo as doenças oculares, sintomas e situações que podem levar à cegueira. Em cada fase da vida, os cuidados com a saúde ocular e o atendimento por um médico oftalmologista são importantes como forma de proteger a visão.
 
Pré-Natal

· O acompanhamento pré-natal é capaz de evitar o comprometimento da visão do bebê que irá nascer.
· Algumas doenças, como a rubéola e a toxoplasmose, podem causar cegueira e problemas neurológicos na criança.
 
Recém-Nascido

· Ao nascer, a criança enxerga pouco e a visão vai se desenvolvendo no decorrer dos anos. Qualquer doença ocular ao nascimento, como a catarata congênita e o glaucoma congênito, pode prejudicar totalmente este desenvolvimento.
· O teste do reflexo vermelho, também chamado de “teste do olhinho”, deve ser realizado ainda na maternidade. Ele é capaz de detectar estas e outras doenças, às vezes gravíssimas, como o retinoblastoma (um tipo de câncer ocular) precocemente.
· A oftalmia neonatal é uma conjuntivite que afeta crianças menores de 28 dias de nascimento. Ela é causada pela infecção durante o parto, em virtude do contato da criança com as secreções genitais da mãe, combinada com a falta de cuidados no momento do nascimento.
· O bebê, em seus primeiros dias de vida, também pode apresentar olhos muito vermelhos e lacrimejantes, causados pela obstrução do canal lacrimal (dacriocistite). Se isso ocorrer, ele deve ser examinado por um ofalmologista, que poderá indicar o tratamento correto.
· Deve ser levado com urgência ao médico oftalmologista o bebê que, ao nascer, tiver mancha branca na menina dos olhos, olhos normalmente grandes, ou ainda que não suportem claridade.
 
Durante a infância

· A visão se desenvolve durante a infância, alcançando a maturidade por volta dos cinco anos de idade. Por isso, é muito importante que problemas de visão sejam tratados o quanto antes.
· A percepção de problemas visuais em crianças pequenas é prejudicada pela fala incipiente, mas os pais podem observar no dia a dia sinais que podem indicar a presença de algum problema.
· O lacrimejamento excessivo, por exemplo, pode indicar desde uma obstrução do canal lacrimal até um glaucoma congênito. Ao perceber alguma anormalidade, a criança deve ser levada a um oftalmologista para uma avaliação.
· Alguns sintomas podem indicar a presença de um problema oftalmológico: apresentar olho torto (vesguice ou estrabismo); dor de cabeça ou mal-estar durante ou após realizar um esforço visual, como ler, desenhar ou escrever; franzir a testa ao olhar para longe; aproximar objetos, livros ou cadernos dos olhos; desinteresse por atividades que exijam boa visão ou leitura.
· Um problema importante que precisa ser corrigido ainda na infância é a ambliopia, ou “olho preguiçoso”. É uma situação na qual a visão não se desenvolve plenamente em um dos olhos e, com o passar do tempo, o cérebro ignora as imagens que vem desse olho “fraco”, de tal forma que ele perde a visão. Por isso, mesmo que não apresente aparentemente nenhum problema de visão, a criança deve ser examinada por um oftalmologista em seus primeiros anos de vida.
 
Vida escolar

· Com o início da vida escolar, também é possível perceber a presença de problemas refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia).
· Muitas vezes, o desinteresse pelas aulas e a dificuldade de aprendizado estão associadas à dificuldade de enxergar. É recomendável levar a criança para um novo exame oftalmológico no início da alfabetização.
 
Adolescência

· Durante a adolescência e a puberdade, com frequência são diagnosticados os problemas refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia).
· Nessa fase, é comum a busca por correção do problema por meio do uso de lentes de contato ou de cirurgia refrativa, como alternativa ao uso de óculos.
· Entre os 13 e 20 anos, também as pessoas estão sujeitas ao aparecimento do ceratocone, uma doença que provoca irregularidade da córnea e que, às vezes, vem acompanhado pelo hábito de coçar excessivamente os olhos. Não há cura para o ceratocone, mas os tratamentos disponíveis podem melhorar a visão, estabilizando o problema e reduzindo a deformidade da córnea.
 
Fase adulta
 
· Queixas como sensação de vista cansada, coceira nos olhos, dificuldade para focalizar imagens próximas e lacrimejamento, são as queixas mais comuns das pessoas que procuram o atendimento oftalmológico nesta fase da vida.
· Além da presbiopia (ou vista cansada), caracterizada pela dificuldade de focalizar objetos próximos, e que pode ser resolvida com o uso de óculos para perto, outros problemas são mais frequentes a partir dos 40 anos.

 

Fonte: Assessoria de imprensa CBO