23 de Abr de 2024
Baixo rendimento escolar, falta de atenção, preguiça e distração da criança são alguns pontos que os pais e professores devem estar atentos.

A especialista em oftalmologia Dra. Cristina Helena Toledo de Paula fala sobre a importância da avaliação visual na infância lembrando que atenção aos problemas oculares na infância deve começar mais cedo até mesmo logo após o nascimento de uma criança.

Segundo a Dra. Cristina, geralmente no berçário o neo-natologista pede uma interconsulta oftalmológica em casos de má formação congênita como, pupila de cor “branca”, o que provavelmente pode ser uma provável catarata, nos casos de córnea opaca, presença de fendas e/ou tumorações palpebrais, como também, quando está acontecendo situações de secreção purulenta abundante.

Outra situação importante é quando a mãe apresentou doença infecto-parasitária na gravidez, como a toxoplasmose por exemplo. O fato da criança não informar a acuidade visual não impossibilita o exame, acrescenta a médica, pois atualmente já existem métodos que avaliam a integridade anatômica e funcional das diversas partes do olho. Desta forma, quando se diagnostica catarata ou o exame de fundo de olho mostra-se alterado pode-se deduzir que há um comprometimento da acuidade visual.

Baixa acuidade

Dra. Cristina faz um outro alerta. Quando os pais perceberem qualquer alteração nos olhos dos filhos, eles devem ser levados ao oftalmologista o mais breve possível independente da idade, ratifica. As queixas ou motivos de consulta mais comuns nas crianças, segundo a médica, são os casos de lacrimejamento, o estrabismo - olho torto, a secreção purulenta, a fotofobia – maior sensibilidade à claridade, nos casos em que a criança pisca os olhos em excesso, no niotágmo – olhos que tremem ou quando a criança que se aproxima muito dos objetos para enxergar, como também, nas situações em que uma criança que cai com frequência ou tromba muito nos objetos, além é claro, do baixo rendimento escolar.

Período Certo


A especialista em oftalmologia ratifica ainda que os pais ou orientadores devem ainda recorrer a um médico, mesmo que esta criança não apresente qualquer queixa com relação aos problemas de visão. Isto porque o período ideal para uma avaliação oftalmológica deve acontecer entre 5 e 6 anos de idade. “Período ideal de vida no qual ainda se pode tratar grande parte dos problemas com relativo sucesso”, lembra a médica.

Outro alerta da médica é sobre a rejeição dos pais, quando é necessário o uso de óculos. Normalmente existe uma reação do adulto a respeito do uso dos óculos – fato que geralmente influencia muito no comportamento da criança. ”Assim estas crianças fazem o uso dos óculos, um sacrifício.

”É muito importante ressaltar para a criança a importância do uso dos óculos para obtenção de uma boa visão. “Por um outro lado, é preciso que os pais permitam a sua participação na escolha da armação, deixando inclusive que esta opção seja a que mais agrade, além disso, é necessário usar um pouco de psicologia e elogiar a sua estética”, ratifica.

Algumas vezes, destaca Dra. Cristina, além dos óculos, é necessária ainda, a oclusão de um dos olhos (o olho de melhor visão), para permitir que o olho “pior” (ambliope) desenvolva todo o seu potencial visual. Como atualmente os óculos têm armações mais leves e flexíveis, e as lentes são feitas de um material inquebrável como a resina, por exemplo, por oferecer uma melhor segurança em caso de queda ou acidente. “Mas lembre-se: a resina arranha e pais devem observar sempre qualquer alteração neste tipo de lente”, comenta.

Acidentes


O velho ditado: “prevenir é sempre melhor que remediar”, é muito válido para qualquer área da saúde e quando se trata da oftalmologia ele é mais válido do que nunca. Por isso, os pais devem ter atenção redobrada, pois segundo a médica , alguns acidentes oculares podem ser fatais e levar uma criança até a cegueira.

O melhor ainda é conversar com a criança e explicar sobre os perigos. Por um outro lado, os pais não devem permitir nunca que as crianças brinquem com objetos pontiagudos e mesmo brinquedos que não possuam as “quinas” arredondadas, além de ficar atentos nas brincadeiras que envolvam atirar objetos, mesmo que seja bolinha de papel com gominha.

Outro cuidado importante é com relação aos animais de estimação, tanto no caso de acidentes, como os famosos arranhões, na região dos olhos, como também pelo aspecto da transmissão de doenças. Além disso, é preciso a máxima atenção com relação aos medicamentos. “É comum a troca desses remédios. No caso de colírios ou pomadas oftalmológicas. Redobrar a atenção pode evitar futuros problemas”, lembra.

Avaliação

A médica ainda ressalta que a grande maioria dos problemas oftalmológicos na infância estão também relacionados à presença de “grau”. Isto pode facilmente ser corrigido com o uso dos óculos adequado. Basta que a criança tenha o acompanhamento de um especialista.

Segundo ela, uma vez diagnosticado qualquer alteração deve-se seguir corretamente as instruções quanto ao uso da correção visual, além disso é preciso observar bem a periodicidade das consultas. “Paciência e carinho são fundamentais para conseguir colaboração da criança durante a consulta.

Algumas vezes, é necessário mais que uma consulta para o exame adequado, pois a criança às vezes precisa de mais tempo para se sentir familiarizada com o médico, o ambiente, e também com os tradicionais aparelhos do consultório de um oftalmologista”, lembra.

Os principais problemas que necessitam do uso de óculos são a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo. A miopia ocorre quando o diâmetro Antero-posterior do olho é maior e o foco é formado após a retina. Para a correção são usadas lentes negativas.

A hipermetropia já ocorre quando o diâmetro antero- posterior do olho é menor e o seu foco é formado antes da retina. Neste caso, a correção é feita com lentes positivas. Já o astigmatismo acontece quando existe diferença entre a curvatura vertical e horizontal do olho, geralmente na córnea. Para a correção são adotadas as lentes cilíndricas, explica.

Finalizando, a oftalmologista que também é especialista em plástica ocular reforça que levar a criança a um especialista é o melhor. A prevenção poderá evitar problemas mais sérios, além do médico ter a oportunidade de conversar com os pais ou familiares e verificar qualquer hereditariedade de problemas oftalmológicos. A prevenção é fundamental.