13 de dez de 2024

Vilões são a proliferação de microrganismos, contato dos olhos com água contaminada, falhas na adaptação, uso e manutenção

lentes de contato

Num calor de rachar mamona, como diz o ditado, todo cuidado é pouco com lente de contato. Isso porque, segundo o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto o diagnóstico de ceratite, inflamação da córnea, aumenta todo verão. "A estação mais quente do ano cria no País o ambiente perfeito para a proliferação de microrganismos. Além disso, na praia ou piscina basta cair uma gota d'água na lente para causar úlcera na córnea. Por isso, o ideal é ter um par de óculos para estas atividades, mas muitas pessoas arriscam por falta de informação", afirma. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam a ceratite, como a maior causa infecciosa de perda da visão no mundo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Lentes de Contato (SOBLEC) hoje três milhões de brasileiros usam lente de contato e a cada ano o mercado ganha 500 mil novos usuários. Para Queiroz Neto as novas tecnologias que tornaram as lentes cada vez mais confortáveis e a popularização através da venda livre pela internet explicam este crescimento que acende um sinal de alerta para mais um problema de saúde pública no País.

Adaptação e contraindicações

O oftalmologista explica que o uso é contraindicado para muitos dos que compram lente de contato online, mesmo quando a finalidade é apenas trocar a cor dos olhos. Isso porque, a adaptação inclui análise da curvatura e relevo da córnea, exame de refração, avaliação do filme lacrimal, fundoscopia e adaptação de lente teste. A estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) do qual o especialista faz parte, é de que 16% da população não deve usar lente de contato. Queiroz Neto explica que as contraindicações são doenças externas como alergia, olho seco ou borda da córnea irregular que aumentam a chance de desenvolver ceratite. "Toda lente de contato oferece correção visual mais precisa que óculos porque fica apoiada sobre a córnea, mas a população precisa ser informada sobre os cuidados no uso", pontua.

Sintomas e tratamento

Queiroz Neto afirma que a córnea responde por 60% de nossa refração e pode ser contaminada por bactéria, vírus, parasitas ou fungos. Os sintomas são:

• Dor nos olhos;

• Vermelhidão;

• Fotossensibilidade;

• Visão borrada.

A recomendação é interromper o uso a qualquer um desses sintomas. O tratamento da ceratite varia de acordo com o tipo de microrganismo e é sempre uma emergência que deve ter acompanhamento médico. "O uso de colírio inadequado pode mascarar a infecção, levar a sequelas graves e até cegueira por perfuração do olho, sobretudo nos casos de ceratite viral ou fúngica", salienta.

Risco da acanthamoeba

Este foi o caso de Eliana, uma paciente da Bahia que chegou ao consultório com alto risco de perda da visão por acanthamoeba, uma ameba de vida livre bastante comum na água que pode corroer a córnea. Ela conta que mora em uma pequena cidade e não se sentiu segura com o tratamento que estava recebendo. "Além da dor insuportável, eu tive a sensação de que meu olho estava sendo corroído. Fiquei desesperada. Pensei que ia ficar cega quando uma amiga me indicou Dr. Queiroz Neto", conta. Por sorte, ainda deu tempo de salvar a visão dela. O oftalmologista relata que pelo grau de evolução da infecção no dia seguinte poderia perder a visão. "Não encontrei o colírio nas farmácias. Entrei em contato com uma farmacêutica que manipulou o colírio no mesmo dia e com isso conseguimos eliminar o risco".

Limite de uso

O oftalmologista ressalta que o limite de uso diário varia de acordo com a produção lacrimal de cada pessoa e transmissão de oxigênio da lente em uso. A regra geral é nunca usar lentes durante o sono, mesmo quando têm indicação de uso noturno. Isso porque, a produção do filme lacrimal diminui 50% durante a noite. O uso da lente de contato com as pálpebras fechadas reduz ainda mais a oxigenação da córnea.

Regras de uso e manutenção

As principais recomendações do oftalmologista para preservar a córnea são:

• Consulte um oftalmologista para adaptar a lente em seus olhos;

• Interrompa o uso da lente sempre que sentir desconforto e consulte seu oftalmologista;

• Lave cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes;

• Use solução higienizadora para limpar e enxaguar lente e estojo;

• Friccione as lentes com a solução para eliminar completamente os depósitos;

• Nunca use água ou soro fisiológico na limpeza;

• Retire as lentes antes de remover a maquiagem e ao usar spray no cabelo;

• Coloque as lentes sempre antes da maquiagem;

• Instile o colírio lubrificante indicado pelo oftalmologista ante de colocar a lente;

• Guarde o estojo em ambiente seco e limpo;

• Troque o estojo a cada três meses;

• Respeite o prazo de validade das lentes;

• Jamais durma com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno;

• Retire as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas;

• Não entre no banho, mar ou piscina usando lentes.

 

 

 

 

 

 

Fonte: assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier