Pesquisa da IAPB mostra que 8 em cada 10 casos de perda da visão e deficiência visual no Brasil poderiam ser evitados. Entenda
Na última quinta-feira, 13 de outubro, foi celebrado o Dia Mundial da Visão uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que anualmente alerta para os cuidados com a saúde dos olhos. O objetivo é reduzir em 40% a deficiência visual até 2030. Isso porque, pesquisa global mostra que a prevenção poderia evitar a deficiência visual de 1 bilhão de pessoas. No Brasil não é diferente. Segundo o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto um levantamento que realizou no hospital com 814 pacientes, mostra que 47% só buscam por consulta quando percebem que a visão está pior. No começo, ressalta, todas as doenças oculares passam despercebidas. "Já atendi crianças com grau moderado de miopia que nunca tinham passado por um exame oftalmológico", afirma.
O hábito de só procurar por consulta oftalmológica quando a visão piora explica o resultado da pesquisa sobre a saúde ocular do brasileiro realizada pela Agencia Internacional de Prevenção à Cegueira (IAPB) coligada à OMS. De acordo com a agência, 80% dos 28 milhões de brasileiros com deficiência visual e dos 1,75 milhão casos de cegueira poderiam ser evitados com tratamentos simples aplicados no início das doenças oculares. Pior: o atlas da IAPB evidencia que a perda da visão no Brasil é 60% maior que na população dos países da África do Norte e Oriente Médio.
Visão na infância
Pioneiro no Brasil a detectar que o excesso de telas digitais provoca nas crianças miopia, ou dificuldade de enxergar à distância, por causar espasmo nos músculos do olho que alternam o foco nas várias distâncias, Queiroz Neto, que faz parte da Academia Brasileira de Controle da Miopia e Ortoceratologia (ABRACMO), chama a atenção para a importância do controle do grau. "Usar óculos de lentes simples ou lente de contato comum corrige a visão, mas não evita a progressão do grau", afirma. Isso porque, explica, até estimulam o crescimento axial do olho que é maior no alto míope. Por isso, dependendo da genética da criança predispõem à alta miopia, acima de 6, que aumenta o risco de descolamento de retina, glaucoma, catarata precoce e degeneração da retina causada pelo afinamento do tecido.
Acima dos 50 anos
Para quem já passou dos 50 anos o oftalmologista alerta que a falta de exames anuais pode causar perda irreparável da visão, principalmente porque doenças sistêmicas como o diabetes, a hipertensão arterial e o aumento do colesterol mais frequentes a partir desta idade podem causar degeneração macular, aumentar o risco de catarata e glaucoma.
"Da catarata ninguém escapa. Quem viver terá. A estimativa da OMS é de que hoje mais de 6 milhões de brasileiros têm catarata, maior causa de perda evitável da visão", pontua. Queiroz Neto afirma que na maioria dos casos a opacidade do cristalino está relacionada ao envelhecimento natural do olho que degenera suas proteínas. Pode também ser causada por outras doenças como o diabetes. A boa notícia é que a cirurgia é segura, rápida e muitos passam a enxergar melhor do que quando eram jovens. Isso porque, hoje as novas lentes que substituem o cristalino corrigem os erros de refração e podem inclusive liberar do uso de óculos.
Queiroz Neto ressalta que a OMS aponta no Brasil cerca de 900 mil casos de glaucoma, doença traiçoeira que avança sem dar um único sinal. Por isso, só é descoberta em estágio avançado por quem não faz exames anuais. Em 90% dos casos está relacionado ao aumento da pressão intraocular que causa danos irreparáveis no nervo óptico. Conforme progride, diminui o campo visual a ponto da pessoa ter a sensação que está olhando através do olho mágico de uma porta. O tratamento é feito com uso contínuo de colírios que controlam a pressão interna do olho e evitam a perda de células do nervo óptico.
A degeneração macular danifica a porção central da retina, pode levar à perda definitiva da visão e atinge 660 mil brasileiros de acordo com a OMS. É uma doença multifatorial desencadeada por diabetes, hábito de fumar, casos na família e consumo de alguns medicamentos. Hoje, o tratamento é feito com injeções de antiangiogênicos e aplicações de laser. "O acompanhamento médico é o único caminho para preservar a visão até o fim da vida", conclui o médico.
Fonte: assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier