26 de nov de 2024

Levantamento mostra que o aumento dos exames de vista entre crianças este ano está abaixo do necessário

aprendizado

No mês da criança uma boa nova quando o assunto é saúde ocular. Segundo o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, dados do Ministério da Saúde mostram que as 22,5 milhões consultas oftalmológicas realizadas no primeiro semestre deste ano superam em 17% os 19,2 milhões atendimentos realizados no primeiro semestre de 2019. O melhor é que uma pesquisa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) aponta mais de dois milhões de consultas oftalmológicas realizadas para crianças e adolescentes de zero a 19 anos em 2019, o maior número registrado entre 2012 e 2021.

Significa que hoje a prescrição anual de óculos para corrigir a miopia, hipermetropia e astigmatismo que predominam na população infantojuvenil deve ultrapassar a realizada em mais de uma década. Ainda assim, falta muito para comemorarmos. Isso porque, a estimativa do CBO é de pelo menos 20% deles precisam usar óculos. São 59,6 milhões brasileiros com até 19 anos. Portanto, seriam necessárias 11,92 milhões prescrições para que todos pudessem enxergar com clareza. Para Queiroz Neto a falta de óculos é um dos fatores que explicam o retrocesso de 20 anos na Educação apontados pelo Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) diante da exclusão escolar de 5,2 milhões de crianças durante a pandemia.

Óculos melhora aprendizado, indica pesquisa

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a dificuldade de enxergar é um dos mais relevantes fatores que dificultam o aprendizado. Segundo Queiroz Neto isso ficou comprovado em uma pesquisa com pais e professores de 36 mil alunos das escolas públicas após um ano de uso dos óculos que receberam no programa Mais Visão, realizado pelo braço social do hospital, a Fundação Dr. João Penido Burnier. A pesquisa mostra que um simples par de óculos permitiu aos professores observar melhora no rendimento escolar de 50% dos estudantes, a concentração de 57% aumentou e 38,2% ficaram menos agitados. Para os pais, 88% das crianças passaram a ter mais concentração e interesse pelo estudo, todos que sentiam dor de cabeça pararam de se queixar e 91% começaram realizar tarefas que antes não conseguiam.

Queiroz Neto que liderou grupos de trabalho para implantar os primeiros projetos "CATARATA" do país, trabalhou no SIGHT FIRST do Lions Club International, fez campanha de prevenção da ambliopia e de doação de córnea, além de ações com a ONG internacional OneSight, ressalta que nossa integração com o meio ambiente depende em 85% da visão e por isso a falta de óculos representa um dos maiores custos sociais para o país, especialmente quando atinge crianças.

Miopia cresce na pandemia

Para  70% dos 297 especialistas que participaram de um levantamento do CBO o isolamento na pandemia de Covid - 19 aumentou a miopia infantil. As causas apontadas foram o maior uso do celular e computador, somado à baixa exposição ao sol. Queiroz Neto explica que o sol, estimula a produção de dopamina, hormônio que controla o crescimento do olho. Por isso, a recomendação é praticar pelo menos duas horas/dia de atividade. Já o uso abusivo das telas faz os músculos do olho ficarem acomodados a enxergar só o que está próximo conforme ficou demostrado em um estudo realizado pelo médico.

Como identificar problemas de visão

As dicas do médico para identificar quando uma criança está com dificuldade de enxergar são:

1.    Assistir TV muito próximo – Indica miopia, bem como aproximar qualquer outro objeto do rosto;

2.    Dor de cabeça frequente – Quando acontece após horas de esforço visual é sinal de erro refrativo decorrente de esforço visual;

3.    Acompanhar a leitura com um dedo – Pode indicar ambliopia ou olho preguiçoso que faz a criança anular o olho de pior visão e embaralha as linhas;

4.    Apertar os olhos para ler – Sinaliza falta de foco;

5.    Lacrimejamento excessivo – Pode estar relacionado à obstrução da canal lagrimal, ou uma disfunção dna lágrima;

6.    Coçar os olhos frequentemente – Pode sinalizar predisposição ao ceratocone, conjuntivite ou alergia;

7.    Tampar um olho com a mão – Sinaliza ambliopia ou estrabismo;

8.    Alta sensibilidade à luz – Sinal de estrabismo ou astigmatismo;

9.    Dificuldade para ler – Estrabismo ou astigmatismo;

10.  Dificuldade para ler placas de sinalização – Miopia.

 

 

 

 

Fonte: assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier