02 de Mai de 2024
É sabido que devemos ter cuidados com a pele devido à ação nociva dos raios ultravioleta (UV), principalmente com a chegada do verão. É indiscutível a necessidade de um trabalho de orientação e prevenção, mas este não deve se restringir à pele. Nossos olhos também precisam de atenção.

E por que proteger os olhos dos raios ultravioleta? Estudos epidemiológicos mostraram o aparecimento da presbiopia, a chamada "vista cansada", mais precocemente - por volta dos 40 anos - em países próximos à linha do equador, onde a incidência de UV é maior. A exposição a esses raios pode afetar o cristalino, acentuando o processo natural de envelhecimento.

Um trabalho realizado pelo Centro de Pesquisas Médicas de Pilotos da França, responsável pelo acompanhamento oftalmológico dos pilotos da aviação civil e militar daquele país, revela que a ação dos raios ultravioleta (UV) é mais nociva nos países tropicais. As estatísticas comprovam: nos países nórdicos a presbiopia se manifesta após os 45 anos. Já no Brasil, devido à proximidade com a linha do Equador, os primeiros sintomas podem aparecer antes mesmo dos 40. Por isso, alguns cuidados podem retardar seu aparecimento.

A presbiopia, ou vista cansada, é a perda de elasticidade do cristalino, resultando na privação da capacidade de mudar sua forma e, com isso, focar objetos de perto. As crianças são as mais expostas, pois o cristalino é mais transparente que o do adulto. Na vida adulta, principalmente com o início da formação da catarata, o cristalino passa a funcionar como um filtro.

No início, a vista cansada gera algumas dificuldades na visão de perto: esticar os braços para ler melhor, não conseguir ler as bulas de remédios ou o cardápio nos restaurantes, não enxergar perfeitamente o preço nas etiquetas de produtos em lojas são alguns dos exemplos. Este processo tem uma evolução natural, durante a qual os óculos aumentam de dioptria (grau) para perto, chegando a 2,50 dioptrias, por volta dos 50/55 anos. O importante é corrigir no início, para que a adaptação do cérebro à nova forma de ler, com lentes oftálmicas corretivas, se dê gradativamente, conforme o grau for aumentando.

Além da presbiopia, alguns estudos vêm analisando a possibilidade de a radiação ultravioleta ser a causadora ou a aceleradora de uma patologia retiniana denominada degeneração macular senil. É uma alteração da região nobre da retina, que, progressivamente, prejudica a acuidade visual da pessoa, tornando, em muitos casos, a leitura mais difícil. É um problema que vem crescendo em frequência devido ao envelhecimento da população.

Quem usa óculos com lentes corretivas deve adquirir as de policarbonato, que oferecem 100% de proteção contra os raios UVA e UVB. As lentes fotossensíveis (lentes claras em ambientes internos e escuras nos externos) também oferecem essa proteção, não por escurecerem, mas sim por conterem em sua matéria-prima componentes que proporcionam esta segurança.

Com os óculos solares, o cuidado deve ser redobrado. Na praia, por exemplo, se as lentes não forem de policarbonato, a pessoa estará ainda mais exposta aos raios UV, pois lentes escuras provocam a dilatação da pupila, permitindo a passagem de maior quantidade dos raios prejudiciais. A melhor dica, no caso de óculos escuros, é comprar com profissionais, evitando o comércio ambulante, onde não há garantia de procedência, e solicitar lentes em policarbonato.

É preciso ter cuidado com as falsificações. Os óculos falsificados chegam bem mais baratos ao mercado justamente por não possuírem tecnologia capaz de filtrar os raios UV. Paga-se bem menos, mas o custo para a visão é muito alto. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abiótica), as falsificações respondem por 33% dos R$ 650 milhões movimentados anualmente pelo setor.

Ao comprar óculos, seja de grau ou de sol, procure um profissional e exija que a lente seja de policarbonato, para obter 100% de proteção contra os raios solares UVA e UVB. Na dúvida, consulte sempre um especialista, capaz de fornecer as melhores soluções que evitarão prejuízos à sua visão.