26 de nov de 2024

Passar alguns minutos olhando para luz vermelha profunda pode restaurar a visão, que é desgastada à medida que envelhecemos, de acordo com um novo estudo da Universidade Pública em Londres, Inglaterra, publicado na Scientifics Reports. Os resultados mostram que uma única sessão de exposição tem efeito durante uma semana inteira, ainda que o tratamento só seja eficaz quando administrado pela manhã

luz vermelha afp gettyimages

A diminuição da visão é um processo comum que acontece conforme ficamos mais velhos. Isso ocorre porque mitocôndrias fotorreceptoras (responsáveis por transportar energia para as células) começam a se deteriorar, tornando-se menos eficientes na geração de atividade na forma de uma molécula chamada de adenosina trifosfato (ATP). Contudo, já é sabido que o desempenho mitocondrial pode ser impulsionado pela luz de ondas longas — no caso, a cor vermelha profunda —, e que a exposição a esses comprimentos pode, portanto, restaurar a função nessas células.

Funcionamento dos olhos

A retina, uma parte essencial dos olhos e participante ativa no processo de enxergar, é uma película muito fina que capta os estímulos luminosos que atravessam a córnea e o cristalino e transmite a informação ao nervo óptico. Ela possui dois tipos diferentes de células fotorreceptoras: bastonetes e cones. Os bastonetes nos ajudam a enxergar com pouca luz, e apesar disso, podem se desgastar e morrer com o tempo se suas demandas de energia não forem repostas. Já os cones nos permitem enxergar o "colorido". Esses, por sua vez, não morrem se não receberem ATP suficiente — a apenas diminuem sua função, logo, aumentar a eficiência mitocondrial pode restaurar a visão.

Os pesquisadores fizeram o experimento em 20 voluntários, com idades entre 34 e 70 anos, e submeteram os participantes a um teste de três minutos olhando para uma luz vermelha profunda de LED com um comprimento de onda de 670 nanômetros. A equipe estipulou que o teste fosse feito entre entre 8h e 9h, já que pesquisas anteriores indicaram que a função mitocondrial flutua ao longo do dia. Acompanhando os resultados após três horas, os cientistas fizeram um novo teste na visão de cada membro da pesquisa e descobriram que aquela única exposição à luz vermelha profunda melhorava a visão das cores em uma média de 17%. No grupo de pessoas mais velhas, a melhora apresentou o resultado de 20%.

Em um comunicado, o autor principal do estudo, Glen Jeffery, da UCL, disse que esta intervenção simples aplicada ao nível da população teria um impacto significativo na qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Isso provavelmente resultaria em custos sociais reduzidos que surgem de problemas associados à visão diminuída.

Uma semana depois, os autores do estudo realizaram testes de acompanhamento com 10 dos 20 dos voluntários e descobriram que os benefícios se mantinham por uma semana inteira. Contudo, poucos meses depois do primeiro teste — para garantir que quaisquer efeitos positivos da luz vermelha profunda tenham sido "apagados" —, a equipe repetiu o experimento em seis dos 20 participantes. A diferença é que os pesquisadores resolveram testar entre às 12h e 13h. Quando os participantes tiveram suas cores testadas novamente, não houve melhora. Jeffery disse que usar um dispositivo de LED simples, uma vez por semana, já recarrega o sistema de energia que diminui as células da retina, como se recarregasse uma bateria.

O pesquisador está trabalhando para produzir óculos infravermelhos a um custo acessível. Segundo ele, dada a simplicidade e eficácia, o dispositivo poderá ser disponibilizado para o público em geral em breve — antes, é claro, precisa da aprovação das agências reguladoras.

“Em um futuro próximo, uma exposição de três minutos à luz vermelha profunda uma vez por semana poderá ser feita enquanto se prepara um café ou durante o trajeto, ouvindo um podcast, é uma adição tão simples poderia transformar os cuidados com os olhos e a visão em todo o mundo”, disse.

Atenção: a tal luz vermelha não é laser!

Apesar da orientação do estudo, a luz vermelha recomendada não é aquela das ponteiras laser — que podem cegar caso sejam apontadas diretamente para os olhos. A recomendação no estudo é atentar-se para o comprimento de onda: 670 nm, o mesmo usado em luzes de terapia. O laser das ponteiras é infravermelho e emite comprimentos de onda a partir de 770 nm, podendo chegar até 1550 nm. Já o comprimento de onda usado no estudo é mais próximo do laranja na escala de espectro de luz, portanto, segura aos olhos. Como esses comprimentos de onda são bioativos no corpo humano, tais tipos de luz afetam diretamente as funções celulares.

 

 

 

 

Fonte: Portal Yahoo