Estudo norte-americano demonstra que 49% dos jovens portadores de diabetes tipo 2 desenvolve lesões oculares
Descontrole da glicemia resulta na progressão da retinopatia diabética, que pode levar a cegueira. Alerta serve também para o Brasil, o quinto país em incidência de diabetes no mundo
Estudo recente publicado na revista americana Diabetes Care, alerta que quase metade dos jovens adultos nos Estados Unidos com diabetes tipo 2 desenvolvem retinopatia diabética alguns anos após o diagnóstico. A doença, caracterizada por danos aos vasos sanguíneos na parte posterior do olho, é considerada a principal causa de cegueira em adultos em idade produtiva. Porém, o tratamento adequado pode reduzir o risco de perda visual em mais de 90% dos casos. E vale reforçar que, embora alguns tipos de retinopatia possam ser tratados, uma vez que a visão tenha sido perdida devido à essa causa, ela não pode ser totalmente recuperada. Por isso a necessidade de controlar a doença o quanto antes, diminuindo a chance de o quadro evoluir para a forma mais grave.
Entre os integrantes da pesquisa estavam diversos grupos raciais e étnicos, incluindo hispânicos, negros e nativos americanos – considerados em maior risco de desenvolver diabetes tipo 2, o que torna a descoberta generalizável para toda a população americana. O número é alarmante já que os cientistas acreditavam que as taxas de retinopatia diabética nos Estados Unidos dobrariam entre 2010 e 2050, mas o que se percebeu com a pesquisa é que houve uma aceleração acentuada em muito menos tempo e os casos devem ser bem maiores do que os projetados.
De acordo com a American Diabetes Association, estima-se que nos Estados Unidos aproximadamente 210.000 jovens menores de 20 anos tenham diabetes. Então, mesmo que a visão hoje não apresente nenhum problema, eles podem desenvolver complicações cada vez mais cedo. Segundo o Dr. Renato Braz Dias, médico referência em Retina, o estudo serve de alerta para os brasileiros, pois de acordo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos), perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. O país também está entre os cinco primeiros com o maior número de crianças e adolescentes com algum grau de obesidade e apenas 2% de chance de reverter essa situação se nada for feito. "Olhando a pesquisa é cada vez mais evidente a importância de controlar rigidamente os níveis de açúcar no sangue, por meio de uma alimentação adequada, praticar exercícios físicos diariamente além de realizar os exames oftalmológicos de rotina anualmente, como a avaliação de fundo de olho, com um médico especialista em retina. Isso vai assegurar a saúde ocular do paciente", ressalta o Dr. Renato.
A pesquisa americana, realizada pela endocrinologista pediátrica MD Rose Gubitosi-Klug, mostra que, do total de participantes (com idade média de 25 anos), 14% tiveram alterações no olho em uma primeira análise. Sete anos depois, foi constatado que 49% haviam desenvolvido a retinopatia diabética. Enquanto 39% tiveram casos leves ou muito leves da doença ocular, cerca de 4% tiveram sua forma mais grave, situação que anteriormente era encontrada em pessoas com 40 ou 50 anos, não em jovens. Em comparação com os pacientes levemente afetados, aqueles com progressão mais extrema apresentaram níveis mais elevados de açúcar no sangue e pressão arterial, bem como mais problemas de saúde.
Fonte: assessoria de comunicação do Grupo Opty