26 de nov de 2024
O Olho Seco é uma doença que atinge as lágrimas e a superfície ocular, resultando em desconforto, distúrbios visuais e instabilidade do filme lacrimal. No estudo, "Olho seco: etiopatogenia e tratamento", Ellen Fonseca, Gustavo Arruda e Eduardo Rocha mostram que esta é uma doença comum, que afeta principalmente mulheres acima de 40 anos.

De acordo com eles, embora haja portadores da doença que não apresentam sintomas, a maioria sofre com sensação de corpo estranho, queimação, prurido, fotofobia, embaçamento visual e lacrimejamento excessivo, o que pode causar impacto na qualidade de vida. "Possíveis complicações relacionadas à doença incluem ceratite, úlcera corneal, neovascularização, afinamento e até mesmo perfuração da córnea", alertam os médicos no artigo.

O estudo mostra várias causas para a doença. A inflamação da superfície ocular, por exemplo, além de ser uma consequência do olho seco, pode ser também uma causa - através do estresse irritativo crônico, relacionado ao uso de lentes de contato, por exemplo. Outro fator atualmente reconhecido como causa do olho seco é o estresse oxidativo - associado a várias condições sistêmicas, como doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e câncer.

As variações fisiológicas que se desenvolvem com o envelhecimento também estão envolvidas, segundo os autores, na gênese da doença. "Entre essas variações estão a diminuição de volume e fluxo lacrimal, aumento da osmolaridade, perda da estabilidade do filme lacrimal e alterações na composição lipídica das glândulas de Meibômio", dizem.

Os pesquisadores ainda lembram que mulheres na menopausa têm maior chance de desenvolver o quadro, provavelmente devido à diminuição na produção de andrógenos e estrógeno, com disfunção das glândulas meibomianas, e aos fatores relacionados à idade.

Com relação ao tratamento, o Food and Drug Administration (FDA), órgão que regula as medicações nos Estados Unidos e serve de modelo para outros países, inclusive da Europa e Brasil, aprova o uso de lubrificantes ou lágrimas artificiais - mesmo sem a comprovação de eficácia clínica. Há também, segundo os pesquisadores, medicamentos com ingredientes ativos (anti-inflamatórios, vitaminas, e secretagogos, por exemplo) que podem ser receitados, o que faz com que existam no mundo cerca de 100 medicações diferentes em uso para olho seco.

"Apesar de todas as pesquisas que visam elucidar os fatores etiológicos e fisiopatológicos envolvidos na síndrome do Olho Seco, o tratamento ainda permanece desafiador, sendo necessário se estabelecer o que é realmente seguro e eficaz no manejo do crescente número de portadores", dizem.


Fonte: Opticanet