26 de nov de 2024

Estudo revela queda de 30% a 55% na progressão da miopia entre crianças de 8 a 12 anos. Entenda

O isolamento na pandemia de coronavírus disparou a miopia infantil, dificuldade de enxergar à distância. É o que mostra estudo realizado na China de 2015 a 2020 com mais de 120 mil crianças de 6 a 8 anos. O levantamento aponta que o isolamento total no ano passado aumentou a miopia em 400% entre crianças de 6 anos, 200% aos 7 anos e 40% aos 8 anos em comparação aos quatro anos anteriores. Segundo o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, acaba de chegar ao Brasil uma nova lente de contato que diminui de 30% a 55% a progressão da miopia na infância. Esta é a principal conclusão de um estudo randomizado realizado durante três anos com 135 crianças de 8 a 12 anos.

A primeira criança no Brasil a fazer o tratamento é João Vitor (6), paciente de Queiroz Neto que faz parte de um seleto grupo de especialistas no País com certificação para adaptar a nova lente. O médico afirma que detectou 4,5 de miopia em João Vitor. Decidiu pela adaptação da lente de contato com a mãe porque a idade inicial da miopia está intimamente relacionada ao grau final na idade adulta e doenças graves relacionadas à progressão. Para conter o avanço do grau vai ter de usar a lente por três anos.

A pedagoga, Dayane Santos (31), mãe do menino, conta que nunca percebeu a dificuldade de enxergar do filho. "O mais comum é professores notarem quando uma criança não enxerga bem", comenta. “No ano passado, devido a pandemia, as aulas foram online e o celular não exige boa visão de longe. Este ano as aulas presenciais só começaram há poucas semanas. Acredito que que por isso João Vitor não percebeu que estava com dificuldade para enxergar de longe”, afirma. A miopia do menino foi descoberta por acidente, literalmente. “Recentemente mudamos de casa, ele bateu o olho em um degrau da piscina e estourou uns vasinhos na parte branca. Depois do acidente marquei uma consulta e quase caí para trás quando Dr. Queiroz Neto me disse que Vitor está com 4,5 de miopia”, conta.

A boa notícia é que a Coopervision, fabricante da lente, está disponibilizando o tratamento inicial. Segundo Daiane, está indo muito bem. Logo que colocou a lente pela primeira vez, apontava imagens distantes para que identificasse e ele respondia tudo corretamente. “Estamos muito felizes com este tratamento. Ele está enxergando bem melhor e não sente a lente no olho”, comenta.

Como funciona

Queiroz Neto afirma que no míope a córnea, lente externa do olho, é mais curva que o normal e o cumprimento do olho é maior. Por isso, as imagens se formam na frente da retina, invés de se formarem sobre a retina. Resultado: a visão à distância fica embaçada. "A nova lente tem dois arcos concêntricos na periferia que diminuem o crescimento do olho e com isso o avanço da miopia”, salienta.

Fatores de risco na pandemia

O oftalmologista que foi pioneiro no Brasil em estabelecer a correlação entre miopia infantil e o uso abusivo de telas digitais, afirma que este é um dos fatores que explica o aumento da miopia infantil no mundo todo. João Vitor é uma prova disso. A dica aos pais é ensinar a criança a distanciar os olhos da tela para pontos distantes, piscar mais diante dos equipamentos e intercalar o uso dos eletrônicos com exercícios físicos. "As atividades ao ar livre são essenciais na contenção da miopia", salienta. Isso porque, no Brasil são poucos os alimentos enriquecidos com vitamina D e o sol responde por 70% da disponibilidade desta vitamina entre brasileiros.

A córnea, lente do olho responsável por 60% da refração, tem receptores da vitamina D que regula 900 pares de genes associados à miopia. O nutriente também está relacionado à produção do hormônio do bem-estar, a dopamina, que controla o crescimento do comprimento do olho.

Benefícios do controle da miopia

Queiroz Neto destaca que de acordo com um artigo científico recente, cada grau adicional de miopia aumenta o risco de maculopatia mióptica em 57%, do glaucoma em 20%, da catarata capsular posterior em 21% e do descolamento de retina em 30%. “O maior perigo do uso de lente de contato é a contaminação da córnea que tem na higienização incorreta e uso além do prazo as causas mais recorrentes. A nova lente é de descarte diário. Por isso, os benefícios superam os riscos.

 

 

 

 

Fonte: assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier