26 de nov de 2024

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Duas décadas depois de um caso extraordinariamente grave da retinite pigmentosa — uma doença ocular — ter roubado a visão de um francês, uma terapia genética experimental parece ter devolvido parte de sua visão. Para reverter a cegueira do homem, médicos na França usaram uma nova terapia genética para explorar uma técnica chamada optogenética. Optogenética é uma ferramenta comum em pesquisas de neurociência que usa luz para ativar células cerebrais específicas, mas ainda é nova no mundo da medicina.

Neste caso, as células detectadoras de luz na retina do homem morreram há muito tempo, então os médicos inseriram um gene de algas nas células sobreviventes da região para que produzissem rodopsinas, uma proteína comumente encontrada em algas que ajuda os micróbios fotossintéticos a encontrar e migrar em direção a fontes de luz, de acordo com a pesquisa publicada segunda-feira na revista Nature Medicine. Foi preciso muito treinamento, mas finalmente o homem aprendeu a enxergar de novo, começando com as grandes listras brancas em uma faixa de pedestres.

“Este paciente inicialmente ficou um pouco frustrado porque demorou muito tempo entre a injeção e o tempo em que começou a ver algo”, disse o Dr. José-Alain Sahel, médico que tratou o paciente no Instituto de Visão de Paris. “Mas quando ele começou a relatar que espontaneamente foi capaz de ver as listras brancas ao atravessar a rua você pode imaginar que ele estava muito animado. Estávamos todos animados”, acrescentou.

Como há uma grande diferença entre algas fotossintéticas e o olho humano, a nova terapia optogenética não restaurou a visão do homem a níveis normais. Também não permitiu que ele enxergasse cores. Outro desafio logístico é que, à medida que sua visão voltava, ficou claro que os rodopsinas só respondiam à luz de cor âmbar, então o homem precisava usar óculos especiais que traduziam imagens de uma câmera vídeo no comprimento de onda certo para que ele pudesse realmente ver o mundo ao seu redor.

Mas, apesar das limitações da terapia — a retinite pigmentosa é uma doença genética complexa e as proteínas das algas são uma solução grosseira — os médicos disseram que ficaram extremamente encorajados pelo fato de terem encontrado uma aplicação médica para optogenética, e suspeitam que ainda mais tratamentos similares surgirão em breve.

 

 

Fonte: portal Hypescience