20 de Abr de 2024

Doenças oculares na infância: quais as mais comuns?

Doenças oculares que poderiam ser prevenidas ou tratadas nos primeiros anos de vida são responsáveis por deixar mais de 250 mil crianças e jovens entre 5 e 15 anos com baixa visão ou dificuldade de enxergar no país. É o que revela levantamento recente do Conselho de Oftalmologia Brasileiro (COB). E o que mais assusta é que, de 60% a 80% dos casos são evitá-veis ou tratáveis, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para o médico oftalmologista Dr. Flávio Augusto Bassoli, os dados são preocupantes. “Muitas crianças e jovens com dificuldades de enxergar poderiam ter essa situação evitada com uma simples consulta com o oftalmologista”, destaca. Segundo ele, os principais problemas oculares na infância são os de grau: miopia, astigmatismo, hipermetropia, estrabismo - vulgarmente chamado de olho torto -, e crianças que nascem com um olho com grau diferente do outro, o que é chamado de anisometropia.

Dr. Flávio explica que, normalmente, as crianças que nascem com um grau diferente do outro, na grande maioria das vezes, não tem nenhuma queixa, porque o olho que tem menos grau compensa a dificuldade do outro. “Mas se esse problema não for detectado cedo, por volta dos dois, três anos de idade, isso pode desenvolver Ambliopia, um problema sério onde há perda de visão do olho e o grau é maior em relação ao olho em que o grau é menor”, completa o médico.

Ele reforça que a perda de visão pode ser evitada, desde que o problema seja descoberto no início. “Além da receita dos óculos que a criança precisa usar, ela também terá que fazer oclusão, o famoso tampão dos olhos. Isso é necessário para estimular o olho que está com grau mais alto”, orienta Dr. Flávio.

Outro problema ocular muito comum na infância é o estrabismo. Segundo o médico esse problema também tem maior sucesso se detectado cedo. Seguindo o mesmo raciocínio do olho que tem um grau maior do que o outro, o cérebro da criança com estrabismo entende que aquele olho com desvio não tem uma boa função de visão. Então ele acaba estimulando o olho que não tem estrabismo. “Neste caso também, após os sete, oito anos de idade, nada pode ser feito. E mesmo que se faça uma cirurgia para deixar melhor esteticamente a questão do estrabismo, a visão desse olho estará comprometida, porque ele não desenvolveu durante a fase de formação dos olhos que acontece, no máximo, até os cinco, seis anos de idade”, esclarece o oftalmologista.

Falta de sintomas

O médico Dr. Flávio Augusto Bassoli ressalta ainda que a maioria das crianças não apresenta queixas em relação a problemas de visão. “Por exemplo, a criança com um olho com grau diferente do outro, está enxergando normalmente. Mas, quando examinamos no consultório, tampando um olho e depois o outro, identificamos uma diferença de qualidade de visão. Por isso é importante os exames oftalmológicos periódicos”, observa.

Mas ele pondera que, enquanto algumas crianças não apresentam sinais de problemas oculares, existem outras com grau alto nos dois olhos. Os principais sintomas são:

  • Baixo rendimento escolar;
  • Não vão bem na escola;
  • Tem dores de cabeça frequentes;
  • Dificuldades de enxergar;
  • Têm mania de fechar os olhos quando estão olhando para longe – característica do paciente que tem miopia.

Quando levar ao médico?

Muitos pais costumam ter dúvidas de quando levar seus filhos pela primeira vez ao oftalmo-logista. Dr. Flávio explica que, se a criança não possui nenhum problema ao nascer, e se o pediatra que a avaliou na sala de parto não mencionou algum tipo de alteração nos olhos, a primeira consulta oftalmológica deve acontecer aos 6 meses de idade. “A partir dessa fase, já conseguimos fazer dilatação da pupila, descobrir se a criança nasceu com grau de óculos importante ou com grau num olho diferente do outro, se ela tem estrabismo, se tem uma lesão no fundo do olho, nasceu com algum problema – uma toxoplasmose ocular, o que na região sul do Brasil é bastante comum”, salienta.

Uso excessivo de tablets e celulares

Doenças oculares podem ser prevenidas ou tratadas nos primeiros anos de vida — Foto: Freepik

Doenças oculares podem ser prevenidas ou tratadas nos primeiros anos de vida

Além dos problemas mais comuns que acometem as crianças, Dr. Flávio chama a atenção para um fato cada vez mais corriqueiro: o uso excessivo de celulares e tablets na infância. O hábito, segundo um levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, é responsável por desencadear problemas de visão em cerca de 20% das crianças em idade escolar. Ameaça à saúde ocular, esse hábito não é aconselhado pela Sociedade Brasileira de Oftalmo-logia Pediátrica (SBOP), que orienta um tempo máximo de uso de aparelhos. “Crianças até dois anos de idade não devem usar nada de celular e computador; de dois a cinco anos, uma hora no máximo por dia; e acima de cinco anos, no máximo duas horas por dia. Com esse tipo de medida, é possível prevenir vários problemas futuros como o aumento exagerado de uma miopia, cansaço visu-al, dores de cabeça, entre outros”, finaliza o médico.

 

 

 

 

Fonte: Portal G1