26 de nov de 2024

Diversas doenças podem desencadear apagões, ou baixa visão

Imagine você fazendo algo em seu dia a dia e, de repente sua visão começa a falhar. Ou acordar um dia sem enxergar nada. Situações como essas têm ocorrido com frequência cada vez maior: nos últimos 25 anos, o número de casos de cegueira passou de 39 milhões (mais de 580 mil só no Brasil), segundo dados da Organização Mundial da Saúde(OMS). O médico oftalmologista especialista em Catarata e Cirurgia Refrativa, Dr. Felipe Moraes Erthal Tardin, explica que existem diversos motivos que podem levar o paciente a ter uma baixa súbita da visão. “Dentre as causas primariamente oftalmológicas mais comuns temos os sangramentos vítreo-retinianos, oclusões vasculares das artérias da retina, o descolamento de retina e a crise aguda de fechamento angular, que é mais conhecido como glaucoma agudo”, observa.

O médico esclarece que certas condições podem aumentar a predisposição para algumas patologias. Por exemplo, pacientes diabéticos têm um risco aumentado de ter alterações na retina que levam a um sangramento que atinja a cavidade vítrea ou algumas camadas da retina. Já pacientes hipertensos e/ou com aterosclerose têm um risco elevado de eventos vasculares como oclusões, que geram um infarto da retina e, consequente, perda súbita da visão. “Já o tamanho do globo ocular também pode influenciar. Olhos muito grandes (normalmente alto míopes) têm maior chance de desenvolver um descolamento de retina. Por outro lado, olhos muito pequenos (e por vezes com uma hipermetropia alta) podem estar mais suscetíveis à crise aguda de glaucoma”, comenta.

Apesar de preocupante, a boa notícia é que 80% dos casos poderiam ser evitados se houvesse diagnóstico médico precoce e tratamento adequado. “O acompanhamento regular ajuda o paciente a prevenir muitas doenças”, destaca Dr. Felipe, acrescentando que o acompanhamento de doenças de base, como hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus previne complicações não só nos olhos, como também em outros órgãos importantes do corpo.

No caso das doenças sistêmicas, o diabetes também é fator de risco, pois afeta a retina, e pode deteriorar a visão da noite para o dia. Uma das comorbidades mais sérias do diabetes é a retinopatia diabética, caracterizada por alterações vasculares, lesões que aparecem na retina, podendo causar pequenos sangramentos e a perda da acuidade visual. O médico frisa que a cegueira repentina não é algo comum. Por isso, em qualquer situação de perda súbita de visão, seja total ou parcial (como manchas fixas na visão, flashes de luz ou aumento de moscas volantes) são sinais que não devem ser negligenciados. “Os pacientes precisam procurar uma emergência oftalmológica assim que identificarem qualquer perda ou alteração na visão”, reforça Dr. Felipe.

Ele explica ainda que, normalmente, a perda de visão súbita acontece unilateralmente e o paciente retarda a perceber que um dos olhos está com dificuldade de enxergar. “A procura por um especialista deve ser prioridade porque, sem tratamento, a cegueira repentina pode evoluir para uma perda de visão permanente”, completa o médico.

Cuidado com a enxaqueca

Quando a visão diminui ou desaparece, os motivos podem ser, também, de ordem neurológica. Isto porque o olho é uma extensão do sistema nervoso central. Um quadro neurológico agudo pode ocasionar cegueira súbita. Entre os problemas neurológicos, a enxaqueca é uma das causas mais comuns e podem causar cegueira transitória. Nestes casos, passada a cefaleia, a visão se normaliza. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a enxaqueca com aura - alterações de visão - acomete de 10% a 15% dos pacientes, e os casos de cegueira parcial são raros. No entanto, Dr. Felipe explica que algumas das perdas de visão ou sintomas visuais associados à enxaqueca podem ser recorrentes e até mesmo preceder os sintomas neurológicos.

Além dos fatores já citados, outras razões podem provocar a perda de visão subitamente, como inflamações do nervo óptico, das meninges, deslocamento de retina, obstrução de veias e artérias ligadas ao globo ocular e o glaucoma. “Em alguns casos, o tratamento pode ser com colírios, outros vão necessitar de cirurgias de emergência, ou injeções intravítreas. Cada caso é um caso e por isso é importante ter uma equipe de confiança para acompanhar regularmente a nossa saúde oftalmológica”, finaliza o médico.

 

Fonte: Portal G1