O Brasil realizou no ano passado 7,1 mil procedimentos
O transplante mais realizado no mundo é o de córnea, membrana transparente do olho que capta as imagens e frequentemente é comparada ao vidro de um relógio por estar localizada na frente do globo ocular. Segundo o médico oftalmologista Dr. Marcio Zapparoli, o objetivo do transplante de córnea é reabilitar a visão de pacientes que tiveram uma baixa visual por alguma doença que envolva essa estrutura. “A cirurgia é uma correção ótica para restabelecer a função e anatomia da lente natural”, explica.
Em 2019, o Brasil realizou 7,1 mil transplantes de córnea, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). As lesões e doenças na córnea são a terceira maior causa global de deficiência visual. Só perdem para a catarata e glaucoma. Anualmente somam 1,5 milhão de novos casos de perda da visão. Isso porque a escassez de doações de córnea no mundo faz com que só uma em cada 70 pessoas que precisam do procedimento consiga passar pela cirurgia.
O transplante de córnea pode ser necessário se, eventualmente, o uso de óculos ou lentes de contato não for capaz, sozinho, de restaurar a visão. Ou se o edema doloroso não puder ser aliviado recorrendo a medicamentos ou lentes de contato. Certas situações podem afetar a transparência da córnea e colocar o doente em maior risco. Entre elas, as mais comuns são:
- Ceratocone e outras distrofias da córnea;
- Cicatrizes de infecções, como a herpes ocular ou ceratite fúngica;
- Condições hereditárias como a distrofia de Fuchs;
- As complicações raras da cirurgia Lasik;
- Queimaduras químicas da córnea;
- Danos causados por uma lesão no olho;
- Edema excessivo da córnea;
- Rejeição do enxerto após um transplante de córnea anterior;
- Descompensação do endotélio da córnea devido a complicações da cirurgia de catarata.
O médico explica ainda que a cirurgia é contraindicada onde há outras doenças oculares concomitantes que mostrem que o transplante de córnea não vai não trazer reabilitação visual. “Por exemplo, um paciente que tem alteração na córnea que, a princípio, se beneficiaria de um transplante, mas nos exames mostra uma lesão no nervo ótico, ou descolamento antigo de retina, perde a chance de ser operado. Os pacientes que têm doença de base que não esteja controlada, doença autoimune com alteração inflamatória na córnea, também impedem o transplante. Tudo isso precisa ser controlado e tratado antes de qualquer procedimento”, observa.
Lesões e doenças na córnea são a terceira maior causa global de deficiência visual — Foto: Jonathan Campos
Os tipos de transplante
Existem vários tipos de procedimentos, mas três ganham destaque:
- Penetrante, quando todas as camadas da córnea são transplantadas;
- Lamelar, que troca o estroma, camada interior da córnea;
- Endotelial, que substitui apenas a cama mais interna da córnea.
“Nos últimos 15, 20 anos, essa foi a área que mais evoluiu em termos de aperfeiçoamento de técnica e conhecimento melhor da córnea, possibilitando cirurgias menos invasivas”, salienta Dr. Márcio. O tempo médio é de 45 a 50 minutos e, em quase todos os casos, são realizadas com anestesia local.
De forma geral, o médico garante que a recuperação ocorre de forma tranquila, embora o desconforto possa existir nos primeiros dias – olhos lacrimejando, mais sensibilidade à claridade, sensação de areia nos olhos - o que é controlado com o uso de colírios e revisões. Já a reabilitação visual leva entre seis meses e um ano. Nesse período acontecem as correções necessárias com o grau, para o caso de prescrição de óculos ou lentes de contato.
Fonte: Portal G1