Estudo empreendido pela Mayo Clinic (Estados Unidos), e recentemente divulgado no American Journal of Ophthalmology, revela que 90% das crianças que sofrem de exotropia intermitente serão míopes por volta dos 20 anos de idade. Na ‘exotropia intermitente’, os olhos se voltam para os cantos externos quando a criança tenta focar um objeto. Trata-se de um tipo de estrabismo menos frequente do que a ‘esotropia’, quando os olhos se voltam para dentro.
O estudo norte-americano recomenda que as crianças com exotropia intermitente façam um acompanhamento rígido com um oftalmologista, por duas razões: correção do desalinhamento dos olhos e diagnóstico e correção de miopia, já na época da adolescência. As taxas encontradas revelam que 7,4% das crianças com essa condição desenvolvem miopia por volta dos cinco anos de idade, enquanto 46,5% desenvolvem próximo dos 10 anos e 91,1% na faixa dos 20 anos.
De acordo com o doutor Renato Neves, o estrabismo ocorre quando o cérebro não consegue alinhar os olhos apropriadamente. Como resultado, um olho pode apontar para dentro, para fora, para cima ou para baixo, fazendo com que duas imagens distintas sejam enviadas para o cérebro. “Como o cérebro não consegue fundir duas imagens tão distintas entre si, a criança passa a ter visão dupla. A solução encontrada pelo cérebro, então, é suprimir a imagem capturada pelo olho problemático. Ou seja, a criança passará a usar apenas um olho para enxergar”.
Neves diz que o olho fraco deve receber uma imagem nítida e ser forçado a funcionar como visão principal, a fim de corrigir a disfunção. “Normalmente, costuma-se usar um tampão no olho sadio por alguns períodos, obrigando o olho fraco a reagir e a funcionar adequadamente. Por fim, há situações que exigem cirurgia de alinhamento dos olhos ou retirada de opacidades nos meios ópticos da córnea e cristalino (catarata)”.
Atenção dos pais é decisiva para sucesso do tratamento
É imperativo que os pais da criança portadora de qualquer tipo de estrabismo entendam claramente quais são as opções de tratamento, escolhendo a terapia mais adequada e dando todo incentivo e suporte durante a fase mais crítica da correção.
“Os ganhos são permanentes, uma vez que o cérebro passa a fundir as imagens, garantindo a binocularidade e a acuidade visual. O primeiro exame oftalmológico da criança deve ocorrer logo ao nascimento, devendo ser repetido aos dois, quatro e seis anos de idade, em princípio”, alerta o especialista.
Fonte: Press Página