29 de Mar de 2024

Pesquisa mostra que no Brasil o vício na web pode ter efeito acumulativo na visão e saúde de 25% das crianças e adolescentes. Entenda

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A população brasileira está entre as mais conectadas do mundo. Como se não bastasse, o novo coronavírus nos isolou em casa. Pior: O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) acaba de divulgar a pesquisa, TIC Kids Online que desde 2012 atualiza anualmente os indicadores sobre o uso da rede pela população com idade entre 9 e 17 anos, visando estabelecer políticas públicas de inclusão digital no País. O último levantamento do CGI mostra que nesta faixa etária 86% teve acesso à Internet entre outubro de 2019 e março deste ano, contra 83% em 2018. A maioria, 94%, tem conexão em casa. Só 1,4 milhão nunca teve acesso e 3 milhões não são usuários.

A conectividade varia de acordo com a região. No centro-oeste é de 98%, no sudeste de 96%, no sul de 95% e 79% nas regiões norte e nordeste. De todos os dispositivos o celular é o único meio de conexão usado por 58% das crianças e adolescentes. Outros 37% combinam o celular e o computador e 2% fazem conexão só pelo computador.

Olho seco

Segundo o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, o aumento da conectividade seria uma boa notícia se a vida digital não apresentasse múltiplos desafios para a saúde sistêmica e visual. Isso porque, a pesquisa do CGI realizada com 2.954 participantes e seus respectivos pais ou responsáveis, mostra que entre 11 e 17 anos, um em cada quatro são viciados na internet. Por isso, não consegue controlar o tempo de navegação, e acaba desenvolvendo olho seco. Os sintomas elencados pelo médico são: vermelhidão, visão embaçada, sensação de areia nos olhos e dor de cabeça no final do dia. Isso acontece porque piscamos menos na frente das telas e a lubrificação dos olhos diminui. O tratamento, explica,  pode ser feito com colírio lubrificante ou três aplicações de luz pulsada para estimular a produção da lágrima, conforme o estágio da doença.

Falta de sono

Outros 20% declararam que deixam de dormir para navegar. “A  Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que a falta de sono aumenta a obesidade, o risco de alterações emocionais, o estresse oxidativo e a resistência à insulina que leva ao diabetes. ”Não são problemas de saúde que surgem imediatamente. O efeito da falta de sono é cumulativo e por isso, nem sempre é levado a sério, da mesma forma que a falta de proteção contra a radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol’, afirma.

Uma dica do oftalmologista para evitar a insônia é desligar o celular ou computador, no mínimo, uma hora antes de ir dormir. Isso porque, as telas emitem luz azul que inibe a produção da melatonina, hormônio indutor do sono. Outra é verificar se o celular tem filtro de luz azul embutido ou baixar o aplicativo F Lux disponível gratuitamente na internet.

Depressão e ansiedade

O CGI também aponta que 21%, se sente mal quando não está na Internet ou se pega navegando sem o menor interesse e 24% acredita que passa menos tempo do que devia com os familiares, amigos ou estudando, claros sinais de ansiedade e depressão. “São alterações que precisam ser tratadas com um especialista em doenças psíquicas”, afirma. Vale lembrar, comenta, que o tratamento com  medicamentos antidepressivos deve ser acompanhado também por um oftalmologista. Isso porque, nosso olhos têm receptores de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) contidos nos antidepressivos e ficam 15% mais propensos a desenvolver a catarata que tem como único tratamento a cirurgia.

 

Fonte: assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier