19 de Mar de 2024

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A informação e educação são sempre as melhores táticas na prevenção e combate a qualquer doença e com o glaucoma não é diferente. Nesta terça-feira (26), o Instituto de Olhos do Recife (IOR) celebra o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, chamando a atenção da população sobre as medidas que podem prevenir a doença, que é a primeira causa de cegueira irreversível no mundo. “Nesta época de pandemia, esse alerta é muito mais importante, pois pacientes com glaucoma estão deixando de ser diagnosticados e tratados. Alguns já em tratamento estão deixando de fazer as revisões de controle, aumentado o risco de piora da doença e de progressão irreversível das lesões do campo visual”, alerta o oftalmologista Dr. Roberto Galvão Filho, especialista em Glaucoma.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Glaucoma é responsável por 13% da cegueira global e a cada ano surgem mais 2,4 milhões de casos novos. A estimativa atual é de que ele atinja cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, isto é, 2 a 3% da população mundial, e que em 2020 esse número atinja 80 milhões. “Em nosso país ainda há uma grande dificuldade na obtenção de dados precisos a respeito desta enfermidade. Apesar disso, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima que existam mais de um milhão de portadores de glaucoma com mais de 40 anos de idade, dos quais 70% ainda permanecem sem diagnóstico”, revela Galvão Filho.

Apesar dos prognósticos preocupantes, o Glaucoma pode ser evitado. “O diagnóstico precoce e o início de tratamento e do acompanhamento adequado podem evitar que a lesão se instale ou progrida”, explica o oftalmologista. Uma das ações preventivas é a consulta médica regular. “É indispensável se consultar com um oftalmologista, ao menos uma vez por ano. Especialmente quem passa dos 40 anos e suspeita ter a doença, devido a fatores de risco, como histórico familiar de glaucoma, pressão intraocular elevada, hipertensão arterial, diabetes e mesmo pessoas negras ou aquelas com alto grau de miopia”, orienta Galvão Filho.

Exames de rotina são essenciais, pois o tipo de glaucoma que responde por 80% dos casos é silencioso, não causa dor e não apresenta sintomas. “Na maioria dos casos, a doença leva, no seu início, a uma perda do campo visual periférico, que dificilmente é perceptível para a pessoa afetada. O Glaucoma pode ser detectado somente com o exame oftalmológico cuidadoso, em que o médico faz a medida da pressão intraocular, o exame de fundo de olho e, quando necessário, solicita o exame de campo visual”, explica oftalmologista.

Perda da visão

Assintomático, o Glaucoma é bastante perigoso. De acordo com a OMS, 80% dos casos não tratados evoluem para cegueira. “A pessoa só perde a visão em fases mais avançadas, mas é importante ficar atento, porque se não tratar a doença no começo, corre-se o risco de ficar cego”, alerta Galvão Filho.

Não existe cura, mas o tratamento atual é muito eficiente e consegue parar a progressão da doença. “Geralmente usamos colírios que controlam um percentual elevado de casos e podemos recorrer ao laser ou cirurgias, de acordo com o tipo de glaucoma e estado no nervo óptico do paciente”, explica o oftalmologista.

O maior avanço cirúrgico, nos últimos anos, tem sido dispositivos intraoculares de redução da pressão. “Implantamos esses microtúbulos no olho, para que eles redirecionem e potencializem o fluxo de saída do líquido intraocular, o que reduz a pressão”, explica o médico. Com o diagnóstico precoce e o acompanhamento apropriado, o glaucoma pode ser controlado e o paciente pode levar uma vida normal e plena.

O Doutor Roberto Galvão esclarece as dúvidas mais frequentes em relação ao Glaucoma:

1. Qual o intervalo ideal entre consultas para o controle do Glaucoma?

Só o seu médico é capaz de determinar o intervalo, pois depende do paciente, do estágio da doença e da resposta do paciente ao tratamento, entre diversos outros fatores.

2. Qual é a pressão intraocular normal?

Estudos demonstram que a pressão intraocular normal é entre 10 e 21 mmHg, mas sabemos que cada paciente responde de modo diferente a mesmos níveis de pressão. Há pacientes que apresentam Glaucoma com pressão normal e outros com pressão alta, portanto, cada paciente tem a sua pressão ideal, que deve ser definida pelo seu oftalmologista.

3. Como funcionam os medicamentos usados no Glaucoma?

Os colírios usados no tratamento do Glaucoma têm dois principais mecanismos de ação: ou diminuem a produção ou aumentam a drenagem do líquido que circula dentro do olho, chamado humor aquoso, com a finalidade de baixar a pressão intraocular.

4. Como devo fazer para amenizar os efeitos colaterais dos colírios?

Todos os colírios podem causar efeitos colaterais diversos - dor, coceira, desconforto - que variam conforme a sensibilidade de cada paciente. Informe sempre seu médico sobre qualquer efeito colateral que venha a sentir durante o uso de seu medicamento, para que, juntos, possam ajustar o tratamento.

5. Existe relação entre a pressão intraocular e o uso de corticoides?

O uso de corticoides sem recomendação médica aumenta a pressão intraocular, importante fator de risco para o Glaucoma. Informe ao seu oftalmologista se for usar corticoide.

6. Existe relação entre pressão intraocular e o consumo de líquidos, inclusive bebidas alcoólicas?

A ingestão rápida de grande quantidade de líquidos pode elevar a pressão intraocular temporariamente. Não existe relação entre bebida alcoólica e Glaucoma. Pessoas com desatenção à sua saúde têm pior prognóstico do Glaucoma.

7. Como deve ser a alimentação ideal para o portador de Glaucoma?

Não há evidências científicas de que alterações na alimentação beneficiem ou prejudiquem o curso da doença.

8. O portador de Glaucoma pode praticar qualquer tipo de esporte?

Exercícios físicos podem variar a pressão intraocular. Alguns tipos de esportes beneficiam o tratamento do Glaucoma. Atividades aeróbias - como caminhada, por exemplo - ajudam o controle da pressão intraocular. Converse sobre esse tema com o seu oftalmologista.

9. O transplante de córnea cura o Glaucoma?

Não. Transplante de córnea é indicado para as doenças da córnea.

10. As células-tronco podem ser usadas no tratamento do Glaucoma?

Existem estudos iniciais, mas ainda não há comprovação científica de benefício ou risco desta terapia na prática diária.

11. Como devo fazer para amenizar os efeitos colaterais dos colírios?

Todos os colírios podem causar efeitos colaterais diversos - dor, coceira, desconforto - que variam conforme a sensibilidade de cada paciente. Informe sempre seu médico sobre qualquer efeito colateral que venha a sentir durante o uso de seu medicamento, para que, juntos, possam ajustar o tratamento.

12. Existe um tempo determinado para a pessoa portadora de Glaucoma perder a visão?

O objetivo do tratamento do Glaucoma é preservar a visão e a qualidade de vida do paciente. A obediência ao tratamento proposto pelo oftalmologista é importante, pois o Glaucoma é uma doença que não tem cura, mas tem controle. Alguns pacientes, principalmente os que não fazem o tratamento adequado, podem evoluir para a cegueira.

13. Ficar muito tempo diante do computador, da TV, ler, são atividades que favorecem o Glaucoma?

Tanto o computador, quanto a televisão, ler ou mesmo outras atividades que requerem atenção minuciosa não mudam o curso do Glaucoma.

14. O Glaucoma é transmissível de um olho para o outro?

Geralmente bilateral, o Glaucoma atinge de forma pouco diferente de um olho para o outro. O Glaucoma não é contagioso.

15. O portador de Glaucoma pode tingir os cabelos ou fazer maquiagem definitiva?

Não há impedimento para o uso de tintura de cabelos. Os cuidados de aplicação devem ser obedecidos, de acordo com as instruções nas embalagens do produto. A maquiagem definitiva deve ser feita por pessoa e local idôneos, tomando cuidado para que não atinjam os olhos.

16. Por que alguns portadores de Glaucoma usam apenas um colírio e outros usam dois ou três?

O tratamento deve sempre ser individualizado e depende do tipo de Glaucoma e estado do nervo óptico. Por isso, alguns usam um colírio, dois ou mais e outros fazem cirurgias.

Fonte: assessoria de comunicação do  Instituto de Olhos do Recife