28 de Mar de 2024

Retina

As retinas, tão belamente citadas em um poema de Carlos Drummond de Andrade, podem ficar mais do que fatigadas. Essa membrana, que recobre a face interna do olho e contém células capazes de captar os sinais luminosos, pode ser acometida por várias doenças que levam à cegueira, se não tratadas corretamente. Para alertar sobre esse risco, o oftalmologista Dr. Rodrigo Pegado aponta os principais problemas que atingem a retina e como preveni-los ou tratá-los para evitar a perda da visão.

Entre as principais doenças que afetam a retina, apontadas pelo Dr. Rodrigo, estão a retinopatia diabética, a retinopatia hipertensiva e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). A retinopatia diabética é a principal causa de cegueira em diabéticos e atinge mais de 75% das pessoas que têm o problema há mais de 20 anos. Ela pode afetar a visão de duas formas: edema de mácula e proliferação vitreo-retiniana.

"Essa doença é caracterizada pelo acúmulo de material anormal nas paredes dos vasos sanguíneos da retina, devido ao excesso prolongado de açúcar no sangue. Assim, estes vasos passam por um processo de deterioração, possibilitando o extravasamento de sangue e gordura, que ocasionam deformidades na retina, conhecidas como microaneurisma ou edema", explica o Dr. Rodrigo.

Como tem evolução silenciosa, alguns sintomas da retinopatia diabética podem surgir apenas em estágios mais avançados da doença, entre eles: olhos embaçados, moscas volantes, flashes ou perda repentina da visão. Devido a métodos modernos de diagnóstico e tratamento, é possível evitar a perda da visão, mas a detecção precoce da retinopatia diabética continua sendo a melhor forma de prevenir danos oculares, podendo reduzir em até 80% o risco de cegueira.

Já a retinopatia hipertensiva é a alteração da retina associada ao aumento da pressão arterial do organismo. Pode ocorrer na forma crônica ou aguda. "As alterações crônicas são caracterizadas pela esclerose das artérias (estreitamento) e as agudas são caracterizadas pela presença de hemorragia, edema e infartos da retina e do nervo óptico", esclarece o oftalmologista. É importante que os portadores de hipertensão arterial realizem, periodicamente, exames completos oftalmológicos, com laudo de fundoscopia liberado para avaliação do cardiologista.

Por fim, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é a doença ocular mais comum em pacientes com mais de 50 anos. Os principais sintomas são o embaçamento da visão central — dificuldade para ler e reconhecer a face das pessoas — e a visão distorcida (metamorfopsia). Ela pode ser divida em dois grupos: forma seca (drusas e atrofia geográfica) e forma exsudativa (molhada ou úmida).

"A forma seca pode levar à perda da visão central se ocorrer atrofia da retina (na forma de atrofia geográfica), mas na maioria dos casos, os pacientes têm boa visão. A forma molhada pode levar à perda da visão central de forma irreversível. No entanto, se tratada precocemente, é possível manter a visão do paciente estável por anos", informa o Dr. Rodrigo.

Embora não haja uma forma direta de prevenção da degeneração macular relacionada à idade,  as sociedades de Retina e Vítreo orientam a redução da obesidade, do tabagismo, exposição solar com proteção aos raios UV e dietas ricas em antioxidantes ao longo da vida.

Fonte: Assessoria de comunicação do Centro da Saúde Ocular Kátia Mello