28 de Mar de 2024

Dispositivo causou lesões permanentes nos olhos de um controlador de vôo

shutterstock 52762363

O uso indiscriminado de ponteira laser é uma questão de segurança e saúde pública no Brasil. O relatório 2018 do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) revela 418 notificações de disparos contra aviões feitos com este tipo de dispositivo. A comparação entre os relatórios anuais mostra que este número já foi maior.  Mas a brincadeira com as tripulações causou queimadura e hemorragia na retina de um controlador de tráfego que trabalhava em Minas Gerais.

De acordo com o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, dependendo do tempo de exposição e da potência, estas ponteiras podem causar desde ofuscamento e edema na córnea, até lesões oculares. permanentes. Isso porque, nossos olhos são mais sensíveis à luz do que a pele. “Queimaduras na retina ainda não têm cura. O estrago na visão do controlador de tráfego em 2018, pode ser comparado com o causado pela fixação dos olhos na eclipse solar sem qualquer proteção”, afirma. Significa que foi atingido por uma ponteira laser de alta potência. Pior, as células perdidas na retina são irrecuperáveis. O médico afirma que até os dispositivos menos potentes podem causar ofuscamento e ceratite, uma irritação temporária da córnea, mas se forem direcionados ao piloto pode fazer com que perca o controle do voo aumentando a chance de acidente. Além disso, se estas ponteiras forem fixadas prolongadamente as complicações são mais sérias. “Já atendi um menino que teve uma queimadura superficial na retina brincando com uma ponteira laser”, conta.

Falta regulamentação

Para Queiroz Neto o problema é a falta de regulamentação deste tipo de dispositivo no país. No final do ano passado a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo arquivou um projeto de lei que tinha como proposta fixar a potência dessas ponteiras em 5 miliwatts que é inofensiva à saúde ocular. “É a mesma amperagem utilizada em brinquedos e mouses de computador”, exemplifica. O oftalmologista ressalta que a falta de regulamentação coloca em risco a visão até de quem participa de palestras. Isso porque, numa rápida busca pela internet são encontradas ofertas de ponteiras com a mesma amperagem de equipamentos utilizados por oftalmologistas em procedimentos cirúrgicos. Os sinais de que os olhos foram agredidos pelo laser são: ofuscamento, enxergar manchas ou reflexos e dificuldade de adaptação a ambientes escuros. Para evitar lesões oculares recomenda-se nunca olhar diretamente para o feixe de luz, não apontar a luz sobre o rosto de outra pessoa e evitar o uso de binóculo para visualizar o dispositivo.

Notificações

O relatório da CENIPA mostra que o estado de São Paulo concentra o maior número de notificações de disparos de laser contra aviões, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro. Antes de oferecer uma ponteira de alta potência a uma criança ou adolescente, vale lembrar que apontar laser para um avião é crime previsto em lei. Confira a distribuição no país.:

Acre - 5

Maranhão - 2

Rio de Janeiro - 34

Alagoas - 4

Minas Gerais - 58

Rio Grande do Norte - 8

Amazonas - 10

Mato Grosso do Sul - 25

Rondônia - 4

Amapá - 17

Mato Grosso - 6

Roraima –  2

Bahia - 16

Pará- 30

Rio Grande do Sul - 30

Ceará - 14

Paraíba - 10

Santa Catarina – 22

Distrito Federal - 5

Pernambuco - 17

Sergipe -4

Espírito Santo -29

Piauí - 4

São Paulo - 111

Goiás - 22

Paraná- 26

Tocantins - 2

 

 

 

 

 

Fonte: Assessoria de comunicação do do Instituto Penido Burnier