16 de Abr de 2024

Os erros de refração, como miopia, astigmatismo e hipermetropia, são os exemplos mais comuns de problemas de visão com componente genético, ou seja, se uma pessoa apresenta alteração, há risco dos seus descendentes também manifestarem. Embora esse não seja um fator determinante, já que o meio ambiente também influencia na probabilidade de desenvolver doenças, ele aumenta a predisposição, o que justifica caprichar na prevenção e, se necessário, iniciar o tratamento precocemente. Quer um bom argumento? Estima-se que cerca de 40% dos casos de deficiência visual sejam causados por doenças oculares hereditárias, a exemplo do glaucoma.

Grau de parentesco

Algumas doenças são transmitidas por meio de genes do pai, da mãe ou até de tios, como é o caso de glaucoma e estrabismo. Por isso, se tiver casos dessas doenças na família, vale acompanhar mais de perto.

Quando avaliar?

A associação norte-americana de oftalmopediatria preconiza que a primeira avaliação em consultório aconteça aos 18 meses de idade. Como a visão pode levar até dez anos para se desenvolver, o ideal é que a primeira consulta oftalmológica seja feita até os três anos de idade.

Principais exames

Com o teste do olhinho, é possível identificar opacidades do cristalino, um sintoma da catarata congênita, e alterações do fundo do olho. Por isso, é fundamental que ele seja realizado nos primeiros dias de vida, de preferência, ainda na maternidade. Trata-se de um exame indolor, em que um feixe de luz é projetado nos olhos da criança, para verificar a presença de alterações. Depois da primeira consulta, é importante seguir com o acompanhamento uma vez ao ano, até os 10 anos e, depois disso, conforme a necessidade orientada pelo médico. Diante da suspeita de problemas de visão congênitos, o especialista pode recorrer a outros métodos diagnósticos, como a biomicroscopia, que verifica estrutura dos olhos, a tonometria, para medir a pressão ocular e o mapeamento de retina.

Principais doenças oculares hereditárias

Miopia – Caracterizada pela má visão à distancia, se não corrigida devidamente, pode provocar mau rendimento na escola, lacrimejamento ou tensão ocular. O tratamento, na maioria dos casos, é feito com o uso de óculos, com lentes que focam os raios de luz na retina e melhoram a visão. A cirurgia refrativa não é indicada em crianças, pois é necessário que a visão já esteja desenvolvida e que a correção da miopia já tenha estabilizado, o que geralmente ocorre só na fase adulta.

Astigmatismo – É um tipo de erro refrativo em que o olho não consegue focar a luz na retina de maneira uniforme, provocando embaçamento e dificuldade de focar objetos, tanto de longe, quanto de perto. Ele ocorre devido a irregularidades da córnea ou do cristalino, que podem estar relacionadas a fatores genéticos. O tratamento é feito com a prescrição de óculos, quando há astigmatismo significativo que, se não for corrigido, pode levar à baixa visão.

Hipermetropia – Também faz com que a visão fique embaçada, tanto de longe, como de perto. Se o grau de hipermetropia for elevado, precisará ser corrigido com óculos. Caso contrário, exigirá um esforço ocular muito grande para focar, favorecendo o surgimento de dores de cabeça e o desvio dos olhos para dentro (estrabismo convergente).

Catarata congênita – É uma das principais causas de cegueira na infância e de outros problemas visuais, como a ambliopia e o estrabismo. A maioria dos casos acontece sem causa aparente ou é hereditária. Em outros, mais raros, ocorre como consequência de distúrbios metabólicos (hipoglicemia ou hipocalcemia) ou infecções durante a gravidez, como toxoplasmose ou rubéola. Para evitar prejuízos à visão, que está em plena formação, é necessário diagnosticá-la até os dois anos de vida da criança, partindo para a correção cirúrgica. . Ceratocone – É uma doença ocular não inflamatória, que afeta o formato e a espessura da córnea, acarretando uma percepção distorcida das imagens. Na sua fase inicial, apresenta-se como um astigmatismo irregular, levando o paciente a trocar o grau dos óculos com frequência. O diagnóstico definitivo é feito com exames clínicos e de imagem. Os tratamentos variam entre prescrição de óculos, lentes de contato específicas e cirurgia.

Estrabismo – O estrabismo é um desalinhamento dos olhos que, geralmente, tem início na infância. Os desvios podem ser convergentes (para dentro), divergentes (para fora) ou verticais (um olho fica mais alto do que o outro). As possibilidades de tratamento incluem uso de óculos, cirurgia ou os dois tratamentos combinados. Quando há indicação específica, os médicos recorrem à toxina botulínica como método terapêutico.

Glaucoma congênito – O glaucoma infantil tem como característica a pressão intraocular elevada que, se não for tratada a tempo, pode lesionar o nervo óptico e prejudicar a capacidade de enxergar. A doença está entre as principais causas de cegueira irreversível em crianças no Brasil. O tratamento é feito com cirurgia e uso de colírios.

 

 

 

 

 

Fontes: Portal dos Olhos