29 de Mar de 2024

Uso indiscriminado de colírio cresce no calor, pode causar graves doenças oculares e dificultar tratamentos sistêmicos. Saiba como prevenir complicações.

O Brasil é um dos maiores consumidores de medicamentos do mundo. A projeção da Associação da Indústria Farmacêutica é de que em 2021 o país saia da atual oitava posição no ranking mundial para a quinta posição. Segundo o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, parte deste crescimento está relacionado ao envelhecimento da população que predispõe às doenças crônicas. Uma delas, destaca, o glaucoma, atinge cerca de 2 milhões de brasileiros. Em 90% dos casos exige uso contínuo de colírios que baixam a pressão interna do olho e evitam a perda definitiva do campo visual. Mas não é só  isso, um levantamento feito pelo médico em 12 mil prontuários do hospital, mostra que no período do calor quatro em cada dez pacientes já chegam aos consultórios usando algum colírio por conta própria. Não é para menos, uma pesquisa sobre a saúde no Brasil (https://is.gd/2qujZq) revela que 55% dos 4.133 participantes deixam de comprar os medicamentos receitados por falta de dinheiro. O mesmo levantamento mostra que a automedicação para problemas nos olhos está bastante próxima dos 37% que afirmaram já ter comprado medicamento sem receita para as mais variadas doenças. Neste grupo 66% afirmaram que foram orientados por um farmacêutico, 12% por amigos ou familiares e 2% fizeram pesquisa na internet.

Resistência a antibióticos

Quando o assunto é a saúde dos olhos, Queiroz Neto afirma ser um erro acreditar que determinado medicamento sempre vai nos levar à cura só porque algum dia nos livrou de um desconforto. “Nosso organismo muda, as bactérias também estão em constante mutação para preservar a espécie e o tratamento das doenças oculares externas devem cobrir todas estas variáveis”, comenta. Atualmente, destaca, a resistência aos antibióticos é uma das principais preocupações globais da saúde pública. O uso indiscriminado de colírios antibióticos está criando superbactérias, adverte. “Se hoje as doenças infecciosas são as que menos cegam no mundo todo, podem ser tornar incuráveis e até impossibilitar o transplante de córnea no futuro”, afirma. Prova disso, é a previsão de um relatório do governo britânico de que em 2050 as infecções devem matar uma pessoa a cada 3 segundos por causa da crescente resistência aos antibióticos. Por isso, o especialista recomenda a cada um de nós adiar este processo só usando antibióticos conforme a prescrição médica.

Quando usar antibiótico

Queiroz Neto afirma que o calor, aglomerações, contato do olho com a água contaminada das praias e piscinas, aumentam nesta época do ano a conjuntivite bacteriana, a conjuntivite viral e a ceratite. Os sintomas dessas doenças são semelhantes: olhos vermelhos, lacrimejamento, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, fotofobia e visão borrada. Mas os tratamentos diferem.

A conjuntivite bacteriana, inflamação da conjuntiva, membrana que recobre a parte branca do olho e a face interna das pálpebras, tem uma secreção amarelada e é tratada com colírio antibiótico. É mais comum entre crianças por causa do maior contato dos olhos com água contaminada, mas por ser altamente contagiosa pode passar para toda família. O tratamento é feito com colírio antibiótico e deve ser interrompido conforme a prescrição médica.

Prevenção

Para evitar a contaminação da conjuntiva por bactérias ou vírus as recomendações do oftalmologista são:

·       Manter as mãos sempre limpas.

·       Evitar levar as mãos aos olhos

·       Não compartilhar toalhas, fronhas, maquiagem e teclados eletrônicos.

Ao primeiro desconforto no olho, o especialista indica aplicar compressas de gaze embebida em água morna nos casos de secreção purulenta. A compressa deve ser feita com água gelada para conjuntivite viral que tem secreção viscosa. Não desaparecendo os sintomas em dois dias a consulta a um oftalmologista deve ser imediata.

Risco de contrair glaucoma e catarata

O especialista afirma que a conjuntivite viral é a mais frequente. O tratamento é feito com colírio anti-inflamatório hormonal, ou seja, com corticóide para as severas e não-hormonal para as mais brandas. O mesmo tipo de medicamento pode ser utilizado no tratamento de ceratite, inflamação da córnea. A ceratite geralmente é decorrente da má oxigenação da córnea em pessoas que abusam do uso de lente de contato, não retiram a lente em viagens aéreas por mais de três horas ou permanecem muito tempo em ambientes com ar condicionado usando lente.

Para evitar a inflamação a recomendação é sempre retirar a lente de contato quando sentir desconforto nos olhos. “O uso frequente ou prolongado de colírio com corticóide predispõe ao glaucoma e à catarata precoce”, conclui. 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier