27 de abr de 2025

A Distrofia de Fuchs (ou distrofia endotelial da córnea) é uma doença ocular que atinge a córnea podendo levar a perda parcial da visão. É uma doença que atinge principalmente as mulheres mas também acomete os homens. É mais comum em pessoas idosas mas também ocorre em pessoas mais jovens. A Distrofia de Fuchs sempre acomete os 2 olhos.

A córnea é uma estrutura transparente que fica na parte mais externa do olho e cuja função é permitir a passagem de luz para dentro do olho (é a “janela” do olho). Apesar de muito fina, a córnea é dividida em 5 camadas:

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De fora para dentro temos:

Epitélio (camada mais externa)
Membrana de Bowman
Estroma (a camada do meio e mais grossa)
Membrana de Descement
Endotélio (a camada mais interna da córnea)

A Distrofia de Fuchs só atinge a camada chamada endotélio, a mais interna de todas.
 
A Distrofia de Fuchs diminui a quantidade de células no endotélio. As células do endotélio vão naturalmente diminuindo de quantidade ao longo da vida, porém, na Distrofia de Fuchs isso ocorre de forma mais rápida e de forma diferente. 
 
O endotélio da córnea é responsável por deixar a córnea transparente e, portanto, se o endotélio não estiver funcionando corretamente, a córnea perde sua transparência. É isso o que acontece nas formas mais graves da Distrofia de Fuchs, a perda da transparência da córnea e consequentemente, diminuição da visão.
 
Distrofia de Fuchs não é contagiosa. É uma doença causada por alteração nos genes. A pessoa já nasce com essa alteração nas suas células mas só vai manifestar a doença com o passar dos anos. Provavelmente essa alteração nos genes (cromossomos) foi herdada do pai ou da mãe.

Sintomas da Distrofia de Fuchs
 
Na fase inicial da doença, a pessoa não apresenta sintoma nenhum. Muitas vezes o diagnóstico é feito por acaso, ao ir ao oftalmologista fazer os óculos. Essa fase inicial, chamamos de córnea guttata .
 
A doença persiste sem sintomas por muitos anos. Conforme a doença progride, as células doentes do endotélio não conseguem mais deixar a córnea transparente e ela “incha” (isso é o que chamamos ededema de córnea). A pessoa passa a sentir uma piora da visão, com distorção das imagens, visão de halos ao redor das luzes e dificuldade visual. Os sintomas costumam ser mais acentuados pela manhã.

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Córnea SEM edema

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Córnea COM edema. 

Nas fases mais avançadas, o edema aumenta e surgem bolhas na superfície da córnea, uma condição chamada ceratopatia bolhosa, que causa muito desconforto visual e muita dor.
 
Catarata e Distrofia de Fuchs
 
Quando uma pessoa se submete a uma cirurgia de catarata, o trauma da cirurgia, de certa forma “agride” as células do endotélio da córnea. Em uma pessoa com a córnea normal isso não costuma ter problema, mas em quem tem a Distrofia de Fuchs isso pode ser grave. A “agressão” da cirurgia num endotélio que já é doente, pode acelerar a evolução da distrofia e levar a ceratopatia bolhosa.
 
Portanto, quem tem Distrofia de Fuchs e vai fazer uma cirurgia de catarata deve procurar um cirurgião experiente e habilidoso e que usará produtos modernos para diminuir a “agressão” ao endotélio da córnea.
 
Diagnóstico
 
Quando a doença já está em fases avançadas é possível perceber as alterações da córnea no simples exame do oftalmologista. Mas em fases iniciais e para fazer o diagnóstico definitivo um exame é fundamental, a microscopia especular.
 
A microscopia especular da córnea avalia apenas as células do endotélio da córnea, mostrando claramente as alterações da Distrofia de Fuchs. Também é muito importante para acompanhar a progressão da doença. Nesse exame, medimos a quantidade de células no endotélio e vimos as alterações típicas dessa doença, que são as excrescências do endotélio (as bolas pretas na foto a seguir).
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Microscopia Especular Normal
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Microscopia Especular na distrofia de fuchs
Outro exame importante é a paquimetria. O exame de paquimetria, mede a espessura da córnea e com isso, mede se há edema (“inchaço”) da córnea.

Doença hereditária 
 
Essa doença é genética, sendo assim, os filhos poderão herdar a Distrofia de Fuchs. A chance é de 50%.
Os seus filhos deverão fazer exames com o oftalmologista para avaliar essa possibilidade. E não só os filhos, mas os irmãos e pais de quem tem a Distrofia de Fuchs, devem fazer uma consulta oftalmológica para avaliação.

Cura
 
A cura para a Distrofia de Fuchs é o transplante da córnea. A alteração genética responsável pela doença não tem correção. Mas com o avanço da medicina, talvez no futuro seja possível “desligar” o gene alterado pela doença e impedir que a doença apareça.
 
 
 
 
Fonte: Portal Médico de Olhos