19 de Abr de 2024

Vaidade e oscilações hormonais seriam algumas justificativas, constata uma nova pesquisa. Entenda como funciona a saúde ocular das mulheres desta faixa etária

Conhecidas como o sexo frágil, a fisiologia das mulheres as pré-dispõem a algumas ameaças oculares. Dados de uma pesquisa, realizada no Brasil, mostram as causas deste fenômeno que atingem mulheres com idade entre 40 e 60 anos. A Organização Mundial da Saúde aponta que dois terços dos indivíduos cegos no mundo são do sexo feminino. E a saúde ocular das brasileiras é um reflexo do quadro mundial. Foi o que comprovou um estudo do fabricante de lentes Transitions Optical do Brasil em parceria com médicos do Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos (CBCO), localizado em Goiânia. Foram entrevistados 1 007 brasileiros, com idade entre 18 e 65 anos, e chegou-se à conclusão de que, aqui, as mulheres de meia-idade também tem olhos mais delicados em diversos aspectos. Cinquenta e sete por cento delas contra 47% deles afirmam ter algum distúrbio oftalmológico.

“As alterações hormonais, especialmente após a menopausa, estão por trás de quadros como a síndrome do olho seco”, exemplifica o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, um dos idealizadores da pesquisa. De fato, esse distúrbio, caracterizado pela rápida evaporação das lágrimas que umidificam a córnea, foi uma reclamação recorrente entre as entrevistadas na pesquisa. Sem falar que, em geral mais vaidosas, as mulheres apelam com maior frequência para dietas radicais, que prejudicam a nutrição das células oculares, muito sensíveis a todo tipo de carência. E são mais adeptas de lentes de contato do que de óculos. “Vale lembrar que o uso inadequado dessas lentes pode acarretar problemas”, completa o médico.

Outra descoberta curiosa relatada no estudo foi a de que 60% das mulheres sofrem de catarata, enquanto na ala masculina a incidência é de 40%. O oftalmologista Henrique Celso, que atende no CBCO, formulou uma hipótese: “O estresse do dia a dia e o tabagismo, que aumenta entre elas, favorecem a produção de radicais livres, compostos que danificam o cristalino, lente que se torna opaca na catarata”, diz. “Também devemos considerar a maior expectativa de vida feminina, já que o envelhecimento é inimigo da visão”, conclui.

Outro fator levantado como contribuinte para esta estatística é o fato das mulheres passarem por mais procedimentos estéticos na região dos olhos. “Noventa por cento dos procedimentos estéticos, na região dos olhos, em meu consultório, é em mulheres”, afirma o Dr. Roberto Murilo Limongi. Segundo o oftalmologista, se as pacientes não respeitarem as limitações pós-cirúrgicas, podem desenvolver a síndrome do olho seco ou outras condições oculares.

A visão não é exceção

Os hábitos saudáveis que ajudam a manter o corpo em forma e harmonia também fazem bem aos olhos. A situação ainda se agrava um pouco mais complicada. “A fumaça é uma fonte de radicais livres, que danificam os vasos sanguíneos, prejudicando a circulação nas células oculares”, explica o oftalmologista Cassiano Isaac, Centro Brasileiro da Visão, em Brasília. Hábitos como o tabagismo aceleram o aparecimento de doenças como a catarata e a degeneração macular relacionada à idade. Os malefícios são ainda mais graves quando o uso do álcool é associado aos efeitos do tabaco. “Álcool e cigarro exercem uma ação bastante tóxica ao nervo óptico”, continua Isaac. Para piorar ainda mais, o médico afirma que o tabagismo agride os músculos dos olhos, responsáveis pela focalização das imagens. Em outras palavras, impulsiona a incidência de distúrbios refrativos.

O anticoncepcional também é um vilão. A combinação entre tabaco e o medicamento potencializa a coagulação sanguínea e, embora não haja confirmação científica, alguns especialistas suspeitam que isso possa facilitar a formação de pequenos trombos nos vasos dos olhos, o que, aos poucos, danificaria a retina, onde são formadas as imagens.

Bonita e saudável

Itens de maquiagem e cremes para o rosto devem ser escolhidos com cautela, principalmente pelas usuárias de lente de contato. O motivo é simples: aplicados quase sempre próximos aos olhos, eles podem provocar alergia, irritação ou ressecamento. O ideal é optar por produtos hipoalergênicos. No caso de rímeis, dê preferência aos que não sejam à prova d’água, porque são difíceis de remover e deixam resíduos. Evite também compartilhar pincéis e afins. Esses instrumentos são abrigos de fungos e bactérias causadores de conjuntivites e outras infecções. Na hora de limpar o rosto, utilize produtos específicos para tirar a maquiagem ou xampus desenvolvidos para bebês, que são mais neutros.

Se os óculos não forem a opção que mais agrade à sua usuária, lentes de contato são uma boa alternativa, porém, é necessário que se siga à risca as orientações do seu oftalmologista. “Isso significa respeitar os intervalos de descanso recomendados, o número de horas pelas quais o acessório pode ser usado com segurança, escolher a marca que garanta melhor tolerância para seu caso, retirá-lo na hora de dormir e fazer a higienização adequada”, ensina o oftalmologista Dr. Francisco de Lima, do CBCO. Ignorar essas precauções pode acarretar consequências sérias, como lesões na córnea ou contaminação por micro-organismos.

Bronzeado seguro

O mesmo cuidado que se tem com a pele na hora de se bronzear deve ser dedicado aos olhos. “A exposição aos raios ultravioleta aumenta em até 60% os riscos de uma pessoa desenvolver catarata”, avisa Lima. Sem falar que fomenta a degeneração macular. A melhor forma de se proteger, portanto, é fazer uso de um bom par de óculos com proteção UV.

Alimentação em total equilíbrio

Aderir a dietas muito restritivas para recuperar a boa forma pode ter um preço alto para a visão. As células oculares precisam ser bem nutridas para se multiplicarem e trabalharem em harmonia. “O ômega-3 dos peixes e da linhaça é importante para a produção de lágrimas que umidificam a córnea e para combater inflamações”, exemplifica Queiroz Neto. Já a luteína, substância presente nas folhas verde-escuras, tem, entre outras funções, a de combater os radicais livres. Ou seja, uma alimentação balanceada é fundamental para contemplar esses e outros nutrientes indispensáveis.

Os inibidores de apetite são um perigo. Só podem ser consumidos com prescrição médica. “Alguns podem aumentar a pressão intraocular e, consequentemente, o risco de glaucoma”, alerta. O resumo de todos estes cuidados é que qualidade de vida e proteção são as medidas-chave para se ter olhos sempre saudáveis.

 

Por José Mulser




Fontes: Assessoria de imprensa Penido Burnier
            Assessoria de imprensa Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos
            Assessoria de imprensa Centro Brasileiro da Visão