Dificuldade de leitura e escrita e falta de concentração em sala de aula podem representar muito mais que uma simples desmotivação do aluno. A questão pode, na verdade, ser um problema grave de saúde relacionada à dislexia também chamada de síndrome de Irlen. A doença afeta de forma silenciosa milhares de
estudantes. Em Minas Gerais, uma iniciativa pode diminuir e muito esse incômodo. A Assembleia Legislativa estuda a criação de uma legislação para aplicar nas escolas da rede estadual de ensino o projeto Bom Começo, que visa acompanhar, por meio de testes específicos, a saúde ocular dos estudantes e promover o efetivo aprendizado. O programa, do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, foi abraçado pela Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte e de Montes Claros, no Norte do estado.

De acordo com o médico, a ideia é criar um sistema de avaliação sistemática, a exemplo do que ocorre em países desenvolvidos. “Usando conhecimentos atuais de neurociência, criamos um programa para acompanhar o desenvolvimento de crianças e fazer intervenções oportunas naqueles momentos nos quais, se se chega tarde, não adianta mais. Segundo o Ministério da Saúde, 30% das crianças em idade escolar apresentam alguma deficiência visual”, afirma Guimarães. E quem vai perceber o problema é justamente quem acompanha o aluno no dia a dia: o professor. “É um erro transformar a criança que tem problema visual na escola em doente no banco do hospital. São soluções simples que podem evitar um transtorno muito maior”, ressalta o oftalmologista.

Símbolo desse trabalho é a professora Rubinita de Oliveira Araújo, da Escola Municipal Professora Maria Mazarello, no Bairro Nazaré, Região Nordeste de BH. Ela se interessou pelo Bom Começo por causa do filho, que fez os testes em janeiro, e resolveu levar a novidade para a escola depois de participar de um curso no Hospital de Olhos. “Sempre percebi que alguns alunos, inclusive meu filho, têm grande potencial de estudo, mas na hora das provas o resultado é abaixo do esperado. Aquilo para mim foi um achado e comecei a juntar as peças do quebra-cabeça e a estudar”, conta.

Os testes são feitos por meio de leitura de textos e imagens. Primeiro, o aluno se submete a uma entrevista e depois à leitura. Na sequência, são feitas perguntas para que a avaliadora saiba com certeza quais são as dificuldades do estudante – se ele se sente perdido quando lê, se confunde as linhas, entre outras questões. “Quando a leitura é muito segmentada ou muito lenta logo desconfio”, diz Rubinita. Se constatado o problema, dois tipos de filtros são indicados ao estudante: uma lâmina de acetato usada sobre o papel e um filtro no óculos: “A função é filtrar o fragmento de luz (a cor) que causa distorção e desconforto, como se a pessoa tivesse alergia a certas cores”.





Fonte: em.com.br