Mais de 10% das crianças brasileiras sofrem de problemas oculares e necessitam o uso de óculos de grau

Dificuldade em ler e escrever aliado a desatenção e dispersão durante o período escolar. Geralmente recheado com frequentes queixas de dores de cabeça. Características do comportamento de milhares de crianças, todos os dias, em sala de aula, que são interpretados como falta de interesse nos estudos e indisciplina. Certo? Nem tanto. Os itens citados acima podem ir além de características de crianças dispersas e desatentas em sala de aula, podem ser, na verdade, indícios de problemas de visão.

De acordo com recente pesquisa realizada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, cerca de 12% das crianças em idade escolar precisam usar óculos de grau. Porém, 80% destas crianças nunca fizeram sequer um exame oftalmológico de prevenção. Por isso, é necessário que os pais fiquem atentos a saúde ocular de seus filhos não somente no início das aulas e sim durante todo o ano letivo para que seja detectado com antecedência algum tipo de lesão.

O alerta parte também da médica Raquel Souza Nunes Paiva, especialista em cirurgia de Plástica Ocular e Oftalmopediatria. “ Mediante essas circunstâncias é notável que alguns problemas oftalmológicos não detectados e tratados podem sim afetar o rendimento escolar infantil. Crianças com visão alterada se mostram desatentas, agitadas e têm dificuldade de aprender. Elas não sabem que têm a visão comprometida, os pais precisam estarem sempre em alerta.”, argumenta a especialista.

E é na infância que os problemas oculares devem ser tratados imediatamente, pois a visão ou capacidade visual se desenvolve até em torno dos oito anos. “A falta de óculos nos primeiros anos de vida, pode agravar os vícios de refração, e vir acompanhado pelo estrabismo por causa do esforço visual e em alguns casos à ambliopia, maior causa de cegueira infantil, popularmente conhecida como olho preguiçoso”, alerta Raquel Nunes Paiva.

Ainda segundo a especialista os problemas que mais afetam as crianças são: miopia (dificuldade de enxergar de longe) e hipermetropia (dificuldade de enxergar de perto), além do astigmastismo. “O tratamento para estas doenças é feito com uso de óculos. Em casos de ambliopia conhecida popularmente como olho preguiçoso, a criança deve usar tampão na vista saudável a fim de estimular a que enxerga menos antes dos 8 anos de idade”, conclui a especialista.

Fique atento

É nas escolas que as crianças começam a dar os primeiros sinais que algo não vai bem. As dificuldades em ler os textos e copiar as atividades do quadro podem indicar um problema na visão. Como as crianças ficam boa parte do dia nas escolas, é de lá que pode vir o diagnóstico precoce. “Mas, é importante que a criança faça seu primeiro exame oftalmológico ao nascer, o chamado ‘teste do olhinho’, que detecta várias doenças oculares como a catarata congênita, glaucoma e tumores. Se não for diagnosticado nenhum problema, retorna com um ano e depois anualmente pelo menos até os oito anos de idade, quando termina a fase de desenvolvimento da visão”, argumenta Raquel Nunes Paiva. Porém, Alguns tratamentos só tem eficácia antes dos oito anos, como alguns estrabismos, olho preguiçoso (ambliopia), catarata congênita, entre outros.

Lembrando que enquanto a criança estiver crescendo e se desenvolvendo podem surgir ametropias (miopia, hipermetropia e astigmatismo) que antes não existiam, sendo necessário uso de óculos, finaliza a especialista. 









Fonte: JorNow