Se uma veia da retina fica bloqueada, não é apenas sua vista que está sob risco: a pressão pode ser tão dolorosa que o olho inteiro pode vir a ter que ser removido. Pesquisadores da Universidade Stanford, Califórnia, acreditam ser capazes de tratar o problema com um novo instrumento que utiliza plasma para atirar pequenos projéteis de medicamentos que dissolvem os bloqueios em veias entupidas. Como os bloqueios dos vasos sangüíneos que causam ataques cardíacos, as "oclusões" nas veias retinais são um dos problemas retinais mais comuns - além daqueles causados pelo diabetes - diz Rodney Grey, cirurgião do Hospital dos Olhos, Bristol. Os minúsculos vasos que levam o sangue à retina se unem em uma única veia. "Se essa veia central se torna bloqueadas, surge um aumento de pressão em todas as outras veias", diz John Forrester, oftalmologista da Universidade de Aberdeen. A pressão faz com que as pequenas veias rompam e vazem, enchendo a cavidade interna do olho de sangue. Mas isso é apenas o começo do problema. "Por causa do bloqueio, o sangue não flui para olho, então as células da retina começam a morrer por não receber oxigênio suficiente", diz Forrester. Uma vez que as células retinais começam a morrer, liberam fatores de crescimento para encorajar as novas veias a crescerem, porém elas crescem na íris ao invés da retina", diz Forrester. Essas veias obscurecem a visão e exercem uma pressão dolorosa no olho. Para tratar a condição, Daniel Palanker e Dan Fletcher, pesquisadores de Stanford desenvolveram uma sonda em forma de agulha capaz de levar medicamentos ao local do bloqueio, reabrindo a veia. A agulha tem 1,5 milímetros de diâmetro, com uma ponteira de 50 micrometros. Dentro da agulha, um eletrodo em forma de fio fino, envolvido por uma camada metálica, é colocado em uma solução salina que contém o medicamento. Palanker descobriu que ao aplicar 1000 volts entre o eletrodo e a camada metálica, forma-se um plasma ultra quente na ponta do eletrodo, produzindo uma bolha de vapor de rápida expansão. Alternando a voltagem, é possível expandir a bolha e destruí-la em milionésimos de segundos. "Cada vez que a bolha expande, libera o medicamento", diz Palanker. Os pesquisadores pretendem misturar um medicamento denominado ativador de plasminogênio à solução salina na sonda. Esta sonda tem vantagens sobre as agulhas cirúrgicas, diz Palanker. "Essas veias são muito finas. Com as agulhas cirúrgicas, se a mão treme levemente, pode-se causar mais dano", complementa.