O jogador de futebol chileno, Fierro, meio de campo do Flamengo, enfrentou um momento muito difícil na sua carreira. Estava tudo acertado para o jogador ser emprestado ao time argentino, Boca Juniors, mas um exame médico apontou um problema no olho direito. O exame revelou um descolamento de retina. O jogador, que já havia apresentado esse tipo de lesão, há cinco anos, teve uma boa recuperação e voltou a jogar normalmente. O problema voltou e o acerto com o Boca foi desfeito, porque o time não conseguiu uma apólice de seguro que cobrisse um eventual acidente de trabalho do jogador.

“O descolamento de retina ocorre quando a retina se descola da coróide, camada extremamente rica em vasos sanguíneos e nutrientes, que também tem o papel de irrigar a retina. Quanto mais tempo a retina fica desprendida da coróide, mais desnutrida ela fica. A retina, então, que tem cor alaranjada e consistência flexível, assume uma cor esbranquiçada e apresenta um aspecto endurecido”, explica o oftalmologista Virgilio Centurion.

Nos casos de descolamento da retina, o indivíduo não sente dor, mas a sensação é extremamente desconfortável. Pode haver a perda parcial ou total da visão - nos casos mais sérios - de um olho ou de ambos. “Outro sintoma é enxergar um flash de luz extremamente intenso e veloz, ou então, passar pela chamada sensação de moscas volantes, como se existissem insetos voando, em seu campo de visão”, explica Centurion.

Quando a pessoa se vê diante destes sintomas, não deve usar nenhum remédio ou colírio. “O mais apropriado é procurar o mais rápido possível um atendimento oftalmológico. O prognóstico da visão vai depender da velocidade de ação para resolver o quadro clínico. Quanto maior a demora para diagnosticar e tratar o problema, mais tempo a retina ficará doente, o que poderá levar a danos permanentes na visão”, diz o médico.

Uma emergência oftalmológica

O descolamento da retina é considerado um caso de emergência oftalmológica, onde não há risco de vida do paciente, mas existe risco de perda da função do órgão. “Assim que o diagnóstico é confirmado, o paciente deve passar por cirurgia”, explica o oftalmologista Juan Carlos Sanchez Caballero.

Ainda que realizada no tempo certo, o resultado da cirurgia não depende somente de “colocar a retina no lugar”. Por mais que a parte anatômica esteja adequada, isso ainda não é uma garantia de que as células vão funcionar como antes, ou seja, que os estímulos serão enviados para o cérebro da forma ideal. “Em alguns casos, pode haver uma perda mínima, quase imperceptível, da visão. Em outros, o paciente pode passar a enxergar parcialmente, somente luzes, apenas vultos. E dentro do pior cenário, ele pode ser acometido pela cegueira”, diz o médico.

Atualmente, casos extremamente complexos de descolamento de retina podem ser tratados graças à evolução da técnica cirúrgica, dos meios diagnósticos e dos equipamentos envolvidos diretamente nos procedimentos cirúrgicos. “Dentre estes, podemos citar o instrumental cirúrgico, ecografias de alta definição, tomografias oculares de última geração e vitreófagos cada vez mais eficientes e seguros”, destaca Caballero.

O descolamento de retina pode acontecer com qualquer pessoa, mas são mais suscetíveis ao problema pessoas com altos graus de miopia (mais de dez graus), o chamado alto míope tem a retina frágil e afinada. Diabéticos também fazem parte do grupo de risco, pois o diabetes é um tipo de microangiopatia, ou seja, altera os pequenos vasos de todos os órgãos, logo, a irrigação da retina também fica comprometida. “Fora desse grupo, o que pode provocar o descolamento de retina são movimentos muito bruscos de chicote, como mergulhar, fazer esportes radicais ou até o impacto de saltar do chão e descer, como num jogo de vôlei. Todos os atletas que praticam esportes de contato também estão mais expostos ao risco de descolamento de retina”, conclui Caballero.


Fonte: JorNow