Visão de raios X funciona sem os raios XUma reconstrução tridimensional da letra "S", vista através da espuma de 1 polegada de espessura (2,54cm)

Visão sobre-humana

Os experimentos com equipamentos capazes de enxergar através das paredes — ou mesmo ver o que está além da esquina — vêm sendo feitos há mais de uma década, com resultados que ainda precisam melhorar. Agora, David Lindell e Gordon Wetzstein, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, criaram um novo algoritmo que consegue reconstruir o movimento das partículas de luz — os fótons — com grande precisão, suficiente para reconstruir uma imagem que não pode ser vista diretamente.

Nos testes, o sistema reconstruiu com sucesso formas obscurecidas por um bloco de espuma de 2,5 centímetros de espessura — para o olho humano, é como ver através das paredes. "Várias técnicas de imageamento tornam as imagens um pouco melhores, um pouco menos chuviscadas, mas aqui estamos realmente tornando visível o invisível," disse Wetzstein. "Isso está realmente ultrapassando a fronteira do que pode ser possível com qualquer tipo de sistema de detecção. É como uma visão sobre-humana", ressalta.

Algumas dessas outras técnicas têm sido usadas em microscopia, mas o novo sistema consegue abarcar ambientes em larga escala, permitindo vislumbrar seu uso, por exemplo, na navegação de veículos autônomos, permitindo identificar objetos sob neblina ou chuva forte, ou mesmo fotografar a superfície da Terra e de outros planetas através de atmosferas nubladas.

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Visão de raios X funciona sem os raios X

Apesar da barreira sólida, a resolução é suficiente para identificar perfeitamente o objeto

Vendo objetos ocultos

Para ver através de ambientes que espalham luz em todas as direções, o sistema emparelha um laser com um detector de fótons super sensível, que registra cada fóton de luz laser que o atinge. Conforme o laser varre uma obstrução, ocasionalmente um fóton consegue passar pela barreira, atingindo os objetos escondidos atrás dela, e passar de volta pela espuma para chegar ao detector. O programa usa então esses poucos fótons — e informações sobre onde e quando eles atingem o detector — para reconstruir os objetos ocultos em 3D.

Este não é o primeiro sistema com a capacidade de revelar objetos ocultos atrás de meios de dispersão, mas ele contorna as limitações associadas a outras técnicas. Por exemplo, alguns sistemas exigem que se saiba a distância do objeto, enquanto outros usam apenas informações de fótons balísticos, que são fótons que viajam de e para o objeto oculto através do campo de espalhamento, mas sem realmente se espalhar ao longo do caminho.

"Estávamos interessados em obter imagens através do meio de espalhamento sem essas suposições, e coletar todos os fótons que foram espalhados para reconstruir a imagem," disse Lindell. "Isso torna nosso sistema especialmente útil para aplicações em grande escala, onde haveria muito poucos fótons balísticos", conclui.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Portal Inovação e Tecnologia