Mais de 30% das cirurgias previstas para 2020 foram adiadas. Campinas acaba de liberar cirurgias de urgência que engloba alguns casos de catarata

CATARATA SC

Os danos do coronavírus vão muito além dos pulmões. Atingem toda nossa saúde, inclusive dos olhos. Para reduzir parte deste estrago que está levando a população à morte e em alguns casos à perda da visão, decreto permite aos hospitais de Campinas retomar, a partir desta segunda-feira (22), cirurgias cardíacas, oncológicas ou de urgência. Segundo o oftalmologista do Dr. Leôncio Queiroz Neto a liberação prevê justificativa da urgência no prontuário médico, visando continuar dando apoio às vítimas de Covid-19 na cidade. Para ele a restrição imposta por sucessivos decretos pode aumentar o número de brasileiros dependentes de ajuda para realizar tarefas do cotidiano. Isso porque, nossa interação com o meio ambiente depende em 85% da visão e um levantamento realizado pelo médico mostra que mais da metade dos brasileiros só buscam por exame de vista quando já está bastante comprometida. “Já operei uma idosa que chegou ao hospital em cadeira de rodas", conta.

Crescimento

O oftalmologista afirma que de todas as doenças oculares, a catarata é a que mais cresce no país. Isso porque, embora seja multifatorial, tem como maior causa o envelhecimento que opacifica nosso cristalino, lente interna do olho. No Brasil, o envelhecimento acelerado da população faz com que responda por 49% dos casos de perda da visão, bem acima da média global de 35%, apontada por levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). O pior, afirma é que a interrupção das cirurgias desde o final de março para combater a pandemia fez com que pelo menos 30% das cirurgias previstas para 2020 fossem adiadas. Os principais sinais de catarata elencados pelo médico são: troca frequente dos óculos, perda da visão de contraste, ofuscamento no trânsito e em locais ensolarados e necessidade de mais luz para ler.

Urgências

Queiroz Neto afirma que em alguns casos operar a catarata configura uma urgência. Isso acontece quando o paciente tem alta miopia que pode levar a alterações no fundo do olho e predispor ao descolamento da retina. “Outro grupo é formado por pessoas que desenvolvem a catarata associada ao glaucoma secundário causado por diabetes, hipertensão, uso prolongado de colírios com corticoide ou um trauma que eleva a pressão intraocular sem dar sinais. Por isso, nestas condições clínicas quanto antes for realizada a cirurgia, maior a chance de preservar a visão", salienta.

Outros riscos

O oftalmologista destaca que a saúde ocular tem reflexos em todo nosso organismo. Prorrogar a cirurgia torna o procedimento mais perigoso porque o cristalino fica muito rígido e dificulta a extração. Por outro lado, comenta, o amarelamento da lente natural do olho pela catarata, desregula nosso relógio biológico. Isso porque, diminui a produção do hormônio indutor do sono, a melatonina, e a produção pelas células ganglionares da retina de melanopsina, um pigmento que regula nosso relógio biológico.  Resultado, “perdemos o sono e ganhamos outros problemas de saúde: doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, sobrepeso, colesterol alto e depressão“, adverte.

Na mulher a insônia é ainda mais frequente do que no homem. "Isso porque, o cristalino tem receptores dos estrogênios e a redução destes hormônios na menopausa diminui a produção da melanopsina pelas células da retina”, afirma. Por isso, a dificuldade para realizar tarefas cotidianas indicar quando a operação deve ser agendada

Segurança

Queiroz Neto ressalta que por ser especializado em Oftalmologia o ambiente do hospital é mais seguro que o de instituições abertas ao atendimento de pacientes com sintomas de Covid-19.  Ainda assim segue as regras preconizadas pela OMS:

·         Agendamento de exames em intervalos que evitam aglomeração na sala de espera;

·         Colocação de álcool gel em vários pontos do hospital;

·         Atendimento com equipe reduzida;

·         Desinfecção dos equipamentos a cada exame;

·         Uso de máscara e protetor facial durante o atendimento;

·         Esterilização completa da sala cirúrgica para realizar procedimentos que não podem ser adiados;

·         Equipe cirúrgica paramentada com touca, óculos de proteção, máscara cirúrgica, avental, luva e sapatilha;

·         Tomada de temperatura do paciente antes de entrar para a cirurgia;

·         Entrega ao paciente de todos os equipamentos de proteção individual antes da cirurgia.

Fonte: assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier