A correção ótica na infância é realizada, na maioria das vezes, com óculos. Há casos, porém, que seu uso se torna inviável como, por exemplo, quando a criança sofre de anisometropia (grande diferença de erro refrativo entre os olhos). “Se a criança tem cinco graus de miopia em um olho e zero em outro, os óculos ficariam pesados e desproporcionais. O cérebro não conseguiria formar a imagem que os olhos vêem. Nesse caso, as lentes de contato são úteis, principalmente para quem tem miopia ou hipermetropia muito mais forte em um dos olhos”, explica o oftalmologista Eduardo Rocha.

Toda mãe sabe que a visão é um elo importante entre a criança e o mundo que a rodeia, pois interfere no aprendizado e no desenvolvimento. Os cuidados com a saúde ocular durante a infância são essenciais para garantir uma visão saudável pelo resto de sua vida. Os erros refracionários (miopia, astigmatismo e hipermetropia) são muito comuns e as lentes de contato auxiliam em seu tratamento se o diagnóstico for realizado em tempo. “Os pais devem ficar atentos aos menores indícios de problemas na visão de seus filhos. Se uma criança tropeça muito, não consegue enxergar brinquedos, nem ver seus pais a uma pequena distância é sinal de que sua visão pode estar com problemas”, alerta o médico.

Diagnóstico

Após um exame refracional, cabe ao oftalmologista definir a melhor opção de lentes para cada caso. As gelatinosas são as mais adotadas pelos oftalmologistas devido à facilidade de seu manuseio.

Tratamento

O uso de lentes de contato na infância pode se estender até a idade adulta, momento em que a pessoa estará apta a ser avaliada para uma cirurgia refrativa. Dessa forma, o médico alerta que a dedicação e a paciência dos pais ou responsáveis são determinantes para o sucesso do tratamento. “Os pais também devem ser treinados para o manuseio das lentes, além de receber as orientações necessárias referentes aos cuidados de higiene e lubrificação com o uso de produtos adequados”, explica.

Rotina

A atenção com o uso das lentes de contato em crianças é fundamental para a preservação da saúde ocular. Para crianças com até 6 anos de idade recomenda-se lentes gelatinosas, uma vez que permitem maior oxigenação da córnea. Estas são as únicas lentes que o paciente pode usar enquanto dorme, já que possuem uma permeabilidade maior de oxigênio, sendo necessária apenas uma interrupção semanal para a limpeza das lentes e visita ao oftalmologista. Dormir com qualquer outro tipo de lente é procedimento condenado pelo médico tanto para adultos, quanto para crianças. “A córnea precisa respirar”, diz Rocha.

Os cuidados com a higiene são imprescindíveis. Os pais não devem permitir que a criança entre em piscinas ou brinque com areia enquanto estiver com as lentes. Ele alerta para a higiene das mãos e a atenção no sentido de evitar que as crianças levem as mãos aos olhos com muita frequência.

Limpeza

A limpeza diária das lentes de contato é essencial para eliminar gorduras e resíduos de sujeira que grudam na superfície das lentes. Usando os dedos polegar e indicador, o paciente deve esfregar gentilmente as lentes, utilizando soluções antissépticas específicas. A desinfecção só se completa com a colocação das lentes no estojo fechado, contendo uma solução apropriada pelo período de quatro a seis horas.

Complicações

O uso de lentes cosméticas para fins estéticos, isto é, as que mudam a cor da íris, não é indicado para crianças por exigirem menor tempo de uso por dia e uma atenção redobrada no manuseio. “O uso excessivo, a limpeza e higienização inadequadas podem deliberar a proliferação de microorganismos e complicações como hipóxia (baixa oxigenação da córnea) ou úlceras de córnea. Os pais ou responsáveis precisam ficar atentos a qualquer alteração nos olhos da criança como lacrimejamento, dor, olho vermelho, mancha opaca na córnea e/ou secreção. Nesses casos, é necessária a remoção imediata das lentes de contato e exame oftalmológico”, conclui.


Fonte: Sociedade Paraibana de Oftalmologia