Até o final deste mês, o Instituto de Olhos do Recife (IOR) promove a campanha "Junho Violeta", cujo intuito é alertar a sociedade sobre a prevenção e tratamento do Ceratocone. A enfermidade corresponde, atualmente, a maior causa de transplante de córnea no Brasil, sendo responsável por uma taxa entre 60% e 65% nesse tipo de intervenção cirúrgica. "É uma doença não inflamatória e progressiva que afeta a estrutura da córnea, podendo levar a um sério comprometimento da visão. Daí a importância de as pessoas ficarem atentas aos sintomas e se consultar periodicamente com o oftalmologista", explica a oftalmologista Dra. Lorenza Français.

É principalmente na adolescência que o Ceratocone pode se apresentar de modo insidioso, na maioria das vezes como miopia ou astigmatismo irregular, fazendo com que o paciente troque o grau dos óculos com muita frequência. A doença provoca mudanças estruturais que deixam a córnea mais fina e modificam sua curvatura normal para um formato cônico. "Temos muitos pacientes cujos sintomas iniciais são a baixa na acuidade visual, podendo ser moderada ou severa, visão embaçada, imagens duplas e fotofobia", explica a oftalmologista.

Existem outros fatores que também podem influenciar a evolução da patologia. Estudos sugerem, por exemplo, que o Ceratocone provavelmente tem origem genética, ambiental ou celular e qualquer um desses elementos pode formar o gatilho que dará início a doença. Alguns médicos também associam a doença ao ato de coçar os olhos. Segundo a Dra. Lorenza, é comum o paciente ter rinite alérgica ligada ao Ceratocone, o que faz com que ele coce os olhos com frequência. "O tratamento clínico adequado e precoce desses casos pode minimizar estes sintomas e consequentemente diminuir o ritmo da progressão da doença", esclarece.

Segundo a oftalmologista, o Ceratocone pode ser classificado em quatro graus evolutivos. "No início não há alterações importantes nos exames clínicos senão a baixa da visão, que pode ser corrigida com óculos ou lentes de contato. Já nos casos mais avançados, as transformações são evidentes, consistindo no afinamento e no formato cônico da córnea. Nessa fase, a visão só melhora com o uso de lentes de contato especiais ou com a realização de tratamentos cirúrgicos".

Cirurgias

Hoje existem algumas técnicas cirúrgicas que permitem o tratamento adequado da doença, a exemplo do implante de segmentos de anéis intracorneanos, o transplante lamelar anterior (troca-se apenas a porção mais anterior da córnea) ou penetrante (troca-se toda a espessura da córnea). A cirurgia mais recente para tentar impedir a progressão da enfermidade é conhecida como CXL ou crosslinking do colágeno com riboflavina. A técnica, que é mais indicada em casos iniciais, consiste em fazer ligações no colágeno da córnea, aumentando sua resistência e diminuindo o avanço do Ceratocone.

Apesar dos vários métodos para proporcionar uma boa visão ao paciente, a Dra. Lorenza assinala a importância do diagnóstico precoce e a prevenção como as melhores indicações para combater a enfermidade tão frequente no consultório de oftalmologistas. "As consultas periódicas, desde a infância, são fundamentais. Quanto mais cedo este diagnóstico for feito, maior será a chance de se estabilizar a progressão da doença e diminuir a incidência de transplante de córnea tão temido pelos pacientes".

 

 

 

 

 

 

Fonte: Assessoria de comunicação do Instituto de Olhos do Recife