Receptores de luz presentes nos olhos de camundongos e humanos podem ajudar pessoas com deficiência visual a recuperar parte da visão

Pesquisadores americanos descobriram que camundongos cegos não são tão cegos assim. Um receptor de luz nos olhos dos animais pode ajudar na formação de imagens simples, mesmo não possuindo uma visão normal. Os cientistas querem entender como isso acontece para ajudar milhares de pessoas com deficiência visual a recuperar, pelo menos, parte da visão.

Camundongos e humanos possuem três tipos de receptores nos olhos, responsáveis por ajudar na formação da visão. Dois deles, os bastonetes e os cones, identificam a luz, a escuridão, as formas e as cores - ou seja,
permitem que a visão normal seja possível. Mas há um terceiro tipo de receptor - células ganglionares contendo melanopsina (MCGCs, sigla em inglês) - que era considerado, até agora, pouco atuante na formação das imagens. Os cientistas pensavam que essas células só respondiam à luz depois de muito tempo expostas, para ajudar a controlar a sensação de sono e de despertar.

Para entender melhor como essas células atuam sobre a visão, a equipe do biólogo jordaniano Samar Hattar, da Universidade de Baltimore, Estados Unidos, produziu camundongos em laboratório que possuíam apenas as MCGCs; nenhum deles possuía bastonetes e cones. As cobaias que possuíam apenas MCGCs conseguiram sair de um labirinto identificando uma alavanca com um padrão de cores diferente do resto da estrutura. Os camundongos que não possuíam nenhum dos três receptores não conseguiram sair do labirinto.

E os experimentos foram além. Os camundongos que tinham apenas as MCGCs conseguiram acompanhar sem problemas o movimento de um tambor de giro - aquela roda que fazem os animais correrem sem parar. Com isso, Hatter acredita que os camundongos formam imagens rústicas, mas mensuráveis.

O pesquisador sugere que as células ganglionárias contendo melanopsina, o terceiro tipo de receptor de luz presente nos olhos, pode ter permitido os seres primitivos uma visão mais simples, antes da formação de
estruturas mais avançadas - os bastonetes e os cones. O próximo passo é pesquisar se estas mesmas células produzem efeito semelhante em humanos.


Fonte: Veja