20 de Abr de 2024

Poluição, ar condicionado, exposição frequente à tela do computador e do celular… Tudo isso pode deixar os olhos irritados e provocar uma vontade irresistível de pingar umas gotas de colírio. Mas, cuidado! Esse hábito, aparentemente inofensivo, pode causar problemas graves de visão, ao invés de tratar a origem do desconforto. “Lembre-se de que o colírio é um medicamento com via de administração ocular, que deve ser prescrito pelo oftalmologista”, avisa o Dr. Hallim Feres Neto, oftalmologista.

Os riscos da automedicação são os mesmos relativos ao uso indiscriminado de qualquer outro tipo de remédio, como comprimidos ou pomadas. Ou seja, pode desencadear efeitos colaterais indesejados e até agravar uma doença já existente”, alerta o médico. Por isso, sempre que sentir qualquer desconforto nos olhos ou dificuldade de enxergar, resista à tentação e procure um oftalmologista.

Colírio é medicamento

Existem vários tipos, fabricados com substâncias diferentes, para tratar as mais diversas doenças oculares. Há os colírios lubrificantes, antibióticos, anti-inflamatórios hormonais (com corticoide) e não-hormonais (sem corticoide), antialérgicos, antiglaucomatosos (para tratamento de glaucoma), anestésicos e midriáticos (que dilata a pupila para exame), entre outros.

O tamanho do perigo

Veja as consequências da automedicação com cada tipo de colírio

  • Lubrificantes

Também conhecidos como “lágrima artificial”, tratam o ressecamento dos olhos. Embora sejam vendidos sem prescrição médica e não causem danos por uso prolongado, também não são capazes de tratar eventuais doenças por trás do sintoma, eles apenas amenizam o incômodo. Por isso, na dúvida, melhor consultar um profissional. Caso o seu oftalmologista prescreva um lubrificante, dê preferência aos sem conservantes, principalmente quando há necessidade de usar o produto muitas vezes ao dia, já que esse componente pode ser tóxico para a córnea.

  • Antibióticos

Existem diversas classes de antibióticos e cada uma é eficaz para combater certos tipos de bactérias. Portanto, não adianta tratar a conjuntivite com o mesmo antibiótico receitado a um vizinho. Outro erro comum é interromper as aplicações quando os sintomas diminuem. Além de não surtir efeito, o tratamento equivocado favorece a multiplicação de bactérias resistentes, o que só agrava a situação.

  • Anti-inflamatórios com corticoide

Também existem várias classes, para diferentes tipos de inflamações. Por isso, é necessário um diagnóstico adequado para um uso correto e seguro. Se um colírio com corticoide for usado de forma equivocada para tratar uma conjuntivite pelo vírus da herpes, por exemplo, há risco de o problema piorar.

Sem contar que o uso indiscriminado de corticoide aumenta a pressão intraocular de quem é suscetível, favorecendo o glaucoma, uma lesão no nervo óptico que afeta a visão. A Sociedade Brasileira de Glaucoma estima que um terço dos casos da doença no Brasil sejam desencadeados por esse motivo. Por fim, outro efeito colateral do uso de corticoide sem critério é a possibilidade de acelerar o aparecimento de catarata.

E se eu tiver um problema e não usar os colírios prescritos corretamente?

Depende da doença. Uma conjuntivite provocada por vírus é, geralmente, autolimitada, ou seja, pode desaparecer sozinha. Já o glaucoma não tratado pode levar à cegueira.

O jeito certo de usar

Siga rigorosamente as orientações do oftalmologista, em relação ao tempo de utilização, dosagem, intervalos e número de aplicações do medicamento. Antes de pingar, lave bem as mãos. Evite encostar a tampa e o frasco em superfícies ou nos cílios. Depois, guarde o colírio em um local limpo e apropriado (siga as recomendações da bula). Se sentir qualquer incômodo durante o uso, como ardência, vermelhidão ou irritação, informe ao médico. Ao término do tratamento, descarte a medicação. Caso esteja usando mais de um tipo de colírio, espere 15 minutos entre as aplicações.

 

 

 

 

 

Fonte: Portal Olhos