Sete em cada 10 alérgicos tem manifestação nos olhos e usam colírio com corticóide por conta própria. Entenda o risco

No Brasil 30% da população tem algum tipo de alergia e 7 em cada 10 alérgicos manifestam a doença nos olhos, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI). Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto isso esclarece o incremento apontado pelos prontuários do hospital de 25% no uso indiscriminado de colírio com corticóide nesta época do ano. “O ar seco da primavera concentra grande quantidade de pólen, ácaros e poluentes. Por isso facilita a manifestação de diversos tipos de alergia que desencadeiam a conjuntivite alérgica”, afirma.

Para piorar, o relatório 2018 que acaba de ser divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que no Brasil a asma entre crianças e adolescentes é uma das mais altas do mundo com 20% de prevalência. Este índice sobe para 23% na faixa etária de 18 a 54 anos, mas só 12% têm acesso a acompanhamento médico.

Risco dos colírios

Para Queiroz Neto isso explica a automedicação dos pacientes neste período do ano. Todo alérgico, observa, sabe que os corticóides aliviam rapidamente a coceira, principal sintoma de todo tipo de alergia, inclusive nos olhos. “O colírio com corticóide pode ser comprado nas farmácias sem receita, mas o uso prolongado causa glaucoma” salienta. O pior é que a pessoa não percebe que está perdendo a visão porque o processo é lento e não provoca desconforto nos olhos. Quando busca por consulta já tem comprometimento irreversível do campo visual provocado pela morte de células do nervo óptico. Invariavelmente vai ter de usar mais de um colírio/dia para evitar a perda definitiva da visão.

Grupos e fatores de risco

O oftalmologista afirma que um dos principais grupos de risco para desenvolver doenças alérgicas são as crianças. Isso porque estão com o sistema imunológico em desenvolvimento e toda alergia é uma resposta exagerada deste sistema a uma substância estranha ao organismo. Quando uma criança precisa tomar antibiótico antes dos seis meses, ressalta, também tem mais predisposição a se tornar um adulto alérgico porque o medicamento desregula a imunidade.

Outros grupos de risco são as mulheres frequentemente expostas aos cosméticos na área dos olhos e os idosos por causa da diminuição da lágrima que protege a superfície dos olhos das agressões externas.

Tratamento

Queiroz Neto ressalta que o tratamento da conjuntivite alérgica depende da gravidade. Pode incluir desde colírios estabilizadores, até anti-histamínicos, corticóides e em casos extremos ciclosporina, medicamento imunossupressor que interrompe o funcionamento do sistema imunológico.

O colírio com corticóide, adverte, nunca deve ser usado sem supervisão médica porque não pode ser interrompido bruscamente para evitar efeito rebote. É muito importante, ressalta, evitar coçar os olhos, porque a fricção pode desencadear o ceratocone, doença responsável por 70% dos transplantes no Brasil que afina e deforma a córnea. A dica do médico para aliviar a coceira é aplicar sobre os olhos fechados compressas de gaze embebida em água filtrada e fria.

Prevenção

Queiroz Neto afirma que alguns hábitos e alimentos evitam o ressecamento da lágrima e por isso podem diminuir as crises de alergia nos olhos. Os principais são:

· Frutos e legumes ricos em vitamina A – cenoura, mamão, manga, agrião, couve.

· Fonte de vitamina E – nozes, amêndoas, manteiga, gérmen de trigo.

· Incluir na dieta alimentos que contém ômega 3 – semente de linhaça, sardinha, bacalhau e salmão.

· Evitar carne bovina, carboidratos e gordura.

· Proteger os olhos do vento, poeira, fumaça e produtos em spray.

· Eliminar o uso de aquecedor de ambiente que retira a umidade do ar.

· Evitar o uso de travesseiros de pena e produtos em pó.

· Manter os ambientes livres de poeira e com vasilha de água para hidratar o ar.

· Beba água com frequência para hidratar o corpo.

 

 

 

 

Fonte: Assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier