É possível identificar se uma criança está com dificuldades para enxergar já nos primeiros anos de vida, evitando complicações futuras. Venha entender como

Normalmente, as crianças não dão indícios muito claros de que não estão enxergando bem. Além da dificuldade para verbalizar os sintomas, elas entendem como normal o embaçamento da visão. Por isso, é importante ficar atento para identificar os sinais mais sutis.

“Às vezes, a criança não se move com tanta firmeza, ou cai muito. Os pais, automaticamente, associam essa dificuldade com problemas motores, quando na verdade ela pode estar enxergando mal”, alerta a Dra. Francieli Agrizzi, oftalmopediatra. “Preste atenção se ela se aproxima muito dos livros, do quadro na escola ou da televisão para enxergar melhor, aperta os olhinhos para ver com nitidez ou ainda se tem queixas de dor de cabeça, apresenta lacrimejamento ou estrabismo (“vesgueira”). Até o desinteresse por leitura ou baixo rendimento escolar podem ser sinais de alerta”, completa.

Outra maneira de detectar um problema é por meio de fotos. Os pais podem tirar uma fotografia e observar o reflexo vermelho na área da pupila de seus filhos. “Nosso olho funciona como uma ‘câmera fotográfica’, o que torna possível vermos o reflexo vermelho da retina em algumas fotos tiradas com flash. Para que esse reflexo seja visto, é importante que o eixo óptico visual esteja livre, isto é, sem nenhum obstáculo à entrada e saída de luz pelo orifício pupilar. Caso seja possível identificar alguma mancha branca ou acinzentada, ou ainda diferença entre os reflexos dos dois olhos, é necessário procurar imediatamente um oftalmologista para uma avaliação mais completa”, explica a especialista.

Plasticidade visual

De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, três em cada vinte crianças de até 10 anos apresentam alguma dificuldade para enxergar. Como a visão se desenvolve nos primeiros anos de vida, o quanto antes um problema for diagnosticado e tratado, maior a possibilidade de corrigi-lo.

“90% da visão se desenvolve até os dois anos de idade. É o período de maior plasticidade visual. Os outros 10%, até oito, nove anos. Tudo que conseguirmos detectar mais precocemente é melhor. Toda e qualquer alteração durante essa fase, que não tenha sido corrigida, pode acarretar prejuízos à visão para o resto da vida. Vemos muitas crianças usando tampão, devido ao que chamamos de “olho preguiçoso” – quando a visão em um dos olhos está reduzida – e isso deve ser tratado na infância. Temos recursos e equipamentos específicos para examinar as crianças e tratá-las desde cedo”, reforça a Dra. Francieli.

Teste do olhinho

Também conhecido como Teste do Reflexo Vermelho, o teste o olhinho é realizado em muitos estados do Brasil já na primeira semana de vida do recém-nascido, de preferência ainda na maternidade. É um exame simples, rápido e indolor, que detecta doenças congênitas, como catarata, glaucoma ou tumores (retinoblastoma). É importante realizá-lo, mas ele não exclui outros exames necessários, como explica a médica:

“O teste consiste na percepção do reflexo vermelho, que aparece ao ser incidido um feixe de luz sobre a superfície retiniana. É um exame de extrema importância, mas mesmo estando normal, não exclui a necessidade de um avaliação oftalmológica mais completa com o oftalmopediatra no primeiro ano de vida. Por exemplo, se a criança tiver alguma diferença de grau entre um olho e outro, ou qualquer outra alteração periférica, só o exame sob dilatação das pupilas será capaz de detectar.”

 

 

 

 

 

Fonte: Portal dos Olhos