Especialistas do Grupo Opty falam sobre as principais doenças e cuidados nesse período de mudanças para a mulher. Consulta ao oftalmologista pode ajudar no diagnóstico de problemas que vão além dos olhos

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A gravidez traz um período de mudanças emocionais, físicas e psicológicas nas mulheres. Diante desse turbilhão hormonal, com os enjoos, os inchaços e a montanha russa do humor, os olhos também podem demandar atenção, desde um simples aumento no grau das lentes, até doenças oculares que necessitam acompanhamento constante.

Conforme explica o Dr. Angelino Julio Cariello, do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, o olho, semelhante à máquina fotográfica, possui duas lentes responsáveis pelo foco da imagem na retina: uma que se localiza na superfície anterior do olho, chamada de córnea, e outra dentro do olho, chamada cristalino. A retenção de líquido no organismo originada pela gestação, causa tanto o inchaço nos pés, como também pode alterar o formato e a espessura da córnea e do cristalino, ocasionando mudanças refracionais, ou seja, de grau de visão.

"É comum durante a gestação ocorrer aumento ou aparecimento de miopia, hipermetropia ou astigmatismo, causando turvação na visão, tonturas e dores de cabeça frequentes. Com a intensa variação hormonal durante a gestação, os graus podem mudar a cada trimestre, não sendo recomendado trocar os óculos nesse período, exceto nos casos em que haja muito desconforto para a gestante", explica Dr. Cariello. "Mas não se preocupe: a maioria dessas mudanças volta ao estado pré-gestacional entre três e seis meses após o parto", completa.

Foi o que aconteceu com Fernanda Barreto Ruggieri, advogada de 29 anos que, sem nunca ter apresentado qualquer doença ocular, começou a sentir fortes dores de cabeça, visão turva e vertigem na 29ª semana de gestação. "A situação foi piorando e procurei a minha ginecologista, já que realmente estava impactando no meu dia a dia", conta a gestante. Com a possibilidade de labirintite descartada, uma visita ao oftalmologista e alguns exames mostraram que se tratava realmente de um caso ocular, resolvido com óculos antifadiga.

"Na gravidez ocorrem importantes mudanças hormonais, como o aumento do estrogênio e da progesterona, assim como alterações metabólicas e circulatórias que podem agravar doenças oculares pré-existentes ou causar novos sintomas, temporários ou permanentes", explica o oftalmologista Dr. Renato Braz, do INOB (DF).

Sensação de areia nos olhos, coceira, fotofobia, embaçamento, pontos brilhantes ou manchas escuras na visão, perda visual progressiva. Esses são alguns sintomas que as gestantes podem apresentar, de acordo com a patologia. Abaixo, os especialistas listam as principais doenças que podem afetar os olhos na gestação.

Principais doenças oculares na gravidez

  • Alterações refracionais: a retenção de líquido que ocorre na gestação pode levar a alterações da curvatura e espessura da córnea e do cristalino, o que acarreta as chamadas mudanças refracionais, ou seja, do grau de visão. A gestante pode perceber embaçamento visual, sem a capacidade de perceber detalhes, e dificuldade na visão de longa e curta distância.
  • Síndrome do Olho Seco: alterações da composição da lágrima podem causar disfunção lacrimal com sensação de corpo estranho, coceira, ardor e lacrimejamento. Grávidas que usam lentes de contato podem perceber maior intolerância ao uso das lentes em decorrência do problema.
  • Complicações oculares resultantes da pré-eclâmpsia e eclâmpsia: a doença hipertensiva específica da gravidez (pré-eclâmpsia) pode surgir a partir da vigésima semana de gestação, em aproximadamente 5% das grávidas. Essa hipertensão arterial pode levar ao comprometimento dos vasos sanguíneos da retina, com surgimento de hemorragias, edema e consequentes sintomas de fotopsias (pontos brilhantes na visão), manchas escuras, visão embaçada e visão dupla (diplopia). Trata-se de um problema grave, cuja detecção precoce e tratamento são fundamentais para evitar a progressão para a forma mais grave da doença (eclampsia), que pode causar epilepsia e ameaçar a vida da mãe e do bebê.
  • Retinopatia diabética: as gestantes portadoras de diabetes ou diabetes gestacional devem realizar acompanhamento médico durante a gestação, pois as alterações hormonais e vasculares que ocorrem nesse período podem levar a piora mais rápida da retinopatia diabética, que é a doença que o diabetes provoca no fundo do olho e afeta a retina. Essa piora pode ser muito acentuada e levar ao comprometimento definitivo da visão.
  • Serosa central: a coriorretinopatia serosa central é uma doença que surge na região da mácula, que é a parte central e mais importante da retina (fundo de olho). Essa doença não é exclusiva da gestação, mas as alterações hormonais desse período aumentam o risco de surgimento do problema, que ocasiona o embaçamento visual e surgimento de mancha escura no centro da visão.
  • Outras doenças que devem ser avaliadas na gestação durante o pré-natal são: a toxoplasmose e rubéola, pois apesar de não ameaçarem a vida da gestante, quando ocorrem durante a gestação, principalmente no primeiro trimestre, podem levar a grave comprometimento da visão dos bebês. A rubéola, por exemplo, quando adquirida na gestação, pode causar catarata na criança.

Cuidados e tratamentos

A síndrome do olho seco deve ser tratada com boa hidratação, uso de óculos escuros, evitar ar condicionado, uso de umidificador de ambiente e, eventualmente, de colírios lubrificantes, de preferência sem conservantes e sempre prescritos pelo oftalmologista. Já as alterações refracionais devem ser apenas acompanhadas, pois tendem a retroceder após o parto. Em princípio, os óculos não devem ser trocados nesse período.

De acordo com o Dr. Renato Braz, de modo geral, as gestantes devem realizar um pré-natal adequado, com acompanhamentos frequentes com o ginecologista para controle dos níveis de pressão arterial e glicose no sangue para prevenção de pré-eclâmpsia e diabetes gestacional. As portadoras de diabetes e retinopatia diabética devem realizar também consultas trimestrais com o oftalmologista especialista em retina para acompanhamento e controle do problema. "O adequado controle da glicemia, com dieta, exercício físico regular, medicamentos orais e insulina injetável, é a principal forma de evitar o comprometimento do olho. Em casos muito graves e progressivos, será avaliada a necessidade do tratamento específico da retina, com fotocoagulação a laser, para controle do quadro", afirma.

A progressão da retinopatia diabética e as complicações oculares da pré-eclâmpsia e eclampsia podem levar a comprometimento acentuado e definitivo da visão, daí a importância do diagnóstico precoce a acompanhamento.

"Mulheres que desejam engravidar e têm diabetes, glaucoma ou outras doenças pré-existentes devem preferencialmente procurar um oftalmologista antes do planejamento da gestação, para controlar essas condições e evitar sequelas visais para mãe e problemas para o filho", reforça o Dr. Angelino Julio Cariello.

Dicas importantes

Três recomendações para garantir a saúde ocular das mamães e dos bebês:

  • Conte com acompanhamento médico e oftalmológico durante a gestação;
  • Mantenha cautela ao utilizar medicamentos: medicação somente com orientação médica;
  • Tenha um estilo de vida saudável: alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Assessoria de comunicação do Grupo Opty