29 de Mar de 2024

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Encare a imagem acima, concentrando seu olhar no ponto preto no seu centro. Após alguns segundos, as cores e formas ao redor do ponto vão começar a desbotar cada vez mais. Dentro de um minuto, a imagem provavelmente terá desaparecido completamente, e você estará olhando para um espaço em branco ou, talvez, um quadrado cinza. Basta piscar uma vez, no entanto, e a imagem retornará a sua forma inicial.

O que está acontecendo aqui?

Essa ilusão de ótica é chamada de “efeito de Troxler”, em homenagem ao seu inventor, o suíço Ignaz Troxler, um médico, político e filósofo que viveu na virada do século XIX. O truque visual é uma ilustração da maneira como nosso cérebro lida com as diversas sensações a que somos constantemente expostos, um fenômeno conhecido como “processamento seletivo”.

Sem que percebamos, nosso cérebro filtra informações para que possamos nos concentrar nas coisas importantes. Digamos, se estamos atravessando a rua, nosso cérebro tende a apagar as árvores e prédios que vemos ao fundo para que possamos perceber um carro virando de repente a esquina, evitando o perigo de atropelamento.

Em outras palavras, o cérebro tende a ignorar os estímulos visuais que não mudam. Por isso, quando encaramos a imagem acima, as cores desaparecem aos poucos. Estamos concentrados no centro, então o cérebro decide que as formas ao redor do nosso ponto focal são informações desnecessárias.

Processamento seletivo no dia a dia

Segundo Derek Arnold, professor de psicologia da Universidade de Queensland, na Austrália, no nosso cotidiano, provavelmente não percebemos que nosso cérebro faz isso, porque nosso ambiente muda o tempo todo. A ilusão acima é incomum porque é raro fixarmos nossa atenção dessa forma em qualquer coisa. Também, ela já é bastante embaçada e desbotada, o que nos predispõe a esse efeito.

O processamento seletivo é talvez mais perceptível quando se trata dos nossos outros sentidos. Ele é motivo pelo qual você raramente sente o cheiro de seu próprio perfume um ou dois minutos após aplicá-lo, por exemplo.

Distorções

Curiosamente, esse pode ser o mesmo fenômeno por trás da “lenda da Bloody Mary”, ou Maria Sangrenta. Um estudo de 2010 publicado na revista Perception pediu a voluntários que olhassem para um espelho em condições de pouca iluminação por dez minutos.

Como resultado, 66% dos participantes relataram ter visto grandes deformações faciais, 28% disseram ter visto uma pessoa desconhecida atrás deles, e 48% perceberam criaturas míticas e monstruosas.

Claro, era tudo obra da mente, com ajuda da visão periférica. É o mesmo caso da ilusão de Troxler: quando forçamos nosso foco em algum ponto de maneira incomum, distorções podem ocorrer.

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Portal Hypescience