Um estudo recente de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins descobriu que a maioria dos americanos considera a perda de visão a pior doença que pode acontecer a eles

Um ensaio publicado no The New York Times, em novembro de 2016, por Edward Hoagland, escritor, romancista, 84 anos, amante da natureza e de viagens, vem causando repercussão, pois expressou temores comuns sobre os efeitos da perda de visão sobre a qualidade de vida. Hoagland, que ficou cego há cerca de quatro anos, projetou uma profunda tristeza ao descrever os desafios que ele enfrenta ao derramar café, para chegar ao banheiro, localizar um número de telefone, encontrar a comida no prato e saber com quem ele está falando, isso para não falar das compras e viagens, quando ele, muitas vezes, tem que depender da bondade de estranhos. E, naturalmente, ele lamenta profundamente não poder admirar a natureza, que inspirou a sua escrita, embora ele ainda possa ouvir os pássaros nas árvores, as folhas se mexendo com o vento e as ondas quebrando na praia.

Hoagland não está sozinho em sua angústia. De acordo com a Action for Blind People, uma ONG britânica, aqueles que perderam alguma ou toda a visão "lutam com uma gama de emoções: choque, raiva, tristeza, frustração e depressão".

“Quando a visão falha, algumas pessoas se tornam socialmente desengajadas, o que leva ao isolamento e à solidão. A ansiedade sobre uma série de questões - quedas, erros de medicação, perda de emprego, erros sociais - é comum”, afirma o oftalmologista Dr. Virgílio Centurion.

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Enfrentando a cegueira

Um estudo recente de pesquisadores do Wilmer Eye Institute, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, descobriu que a maioria dos americanos considera a perda de visão a pior doença que pode acontecer a eles, superando condições como perda de membros, memória, audição ou fala, ou ainda descobrir que tem HIV / AIDS. “De fato, a baixa visão fica atrás da artrite e das doenças cardíacas como a terceira causa crônica mais comum de deficiência em pessoas com mais de 70 anos”, diz Dr. Virgílio Centurion.

Cerca de 23,7 milhões de adultos americanos relataram em 2015 que eram incapazes de ver ou tinham dificuldade em ver mesmo com lentes corretivas. Este número pode dobrar até 2050 com base no envelhecimento da população e no aumento da prevalência de doenças que podem causar perda de visão. No entanto, o estudo do Wilmer Eye Institute, com 2.044 adultos, descobriu que muitos americanos não têm conhecimento das doenças e dos fatores que podem colocar sua visão em risco e quais as medidas que podem tomar para reduzir seu risco.

A mensagem mais valiosa advinda do estudo sobre a perda de visão é a importância de fazer um exame completo do olho pelo menos uma vez, a cada dois anos, se não anualmente. Muitas condições de perda de visão podem ser efetivamente tratadas se detectadas precocemente, em muitos casos limitando ou eliminando os danos à visão.

Conhecer as doenças oculares

Quatro doenças oculares - degeneração macular relacionada à idade, retinopatia diabética, glaucoma e catarata - são responsáveis ​​pela maioria dos casos de cegueira de adultos e de baixa visão entre pessoas nos países desenvolvidos. Ao contrário de muitas outras doenças associadas com o envelhecimento, elas não causam dor e, muitas vezes, não apresentam sintomas iniciais e, portanto, não fazem o paciente automaticamente procurar cuidados médicos. Mas um exame completo, feito por um oftalmologista, pode detectá-las em seus estágios iniciais, possibilitando começar um tratamento que possa retardar ou interromper sua progressão ou, no caso de catarata, restaurar a visão normal.

Catarata

“As cataratas são a causa mais comum de perda de visão entre as pessoas com mais de 40 anos. Elas formam uma nuvem gradual no cristalino, um tecido normalmente transparente atrás da íris e da pupila que ajuda a focar imagens na retina. Conforme as cataratas progridem, torna-se cada vez mais difícil ver claramente, prejudicando a capacidade de ler, dirigir ou reconhecer rostos”, afirma Dr. Virgílio Centurion, que também é autor do livro Cirurgia de Catarata com Femtosegundo, CICAFE, pela editora Cultura Médica. Prevenir ou retardar o desenvolvimento da catarata envolve proteger os olhos de danos causados ​​pelo sol, não fumar, consumir uma dieta rica em vegetais e frutas e, se o paciente tiver diabetes, manter o açúcar no sangue sob controle. No passado, os oftalmologistas geralmente aconselhavam os pacientes com catarata a esperar até que a catarata estivesse avançada ou “madura”, antes de removê-la cirurgicamente. Isso não é mais o caso hoje. A cirurgia de catarata agora é feita quando a condição começa a afetar a qualidade de vida de uma pessoa ou interfere na sua capacidade de realizar atividades normais. “A cirurgia é quase sempre realizada sob anestesia local em regime ambulatorial. Se ambos os olhos têm catarata, como é geralmente o caso, o segundo olho é tipicamente tratado algumas semanas após o primeiro para evitar o risco raro de uma infecção pós-operatória em ambos os olhos. A operação envolve a remoção da lente nublada e, na maioria dos casos, a substituição por uma lente artificial clara que, muitas vezes, dá ao paciente uma visão melhor do que a que ele tinha, mesmo antes de desenvolver catarata”, conta Centurion.

Degeneração macular

“A degeneração macular, uma das principais causas de perda de visão entre os americanos de 60 anos ou mais, envolve uma perda irreversível de células retinianas que rouba a visão central necessária para ler, assistir a um programa de TV ou identificar um rosto ou objeto à sua frente. Existem dois tipos, seca e úmida. No tipo seco, as células sensíveis à luz na mácula, uma estrutura próxima ao centro da retina, gradualmente se danificam. No tipo úmido, vasos sanguíneos anormais crescem sob a mácula”, afirma o oftalmologista Dr. Juan Caballero. Para diminuir o risco de degeneração macular ou retardar sua progressão é recomendável não fumar, comer muitos vegetais verdes folhosos escuros, usar óculos escuros para bloquear a luz ultravioleta e tomar um ou mais suplementos formulados para apoiar a saúde macular. “Existem também tratamentos específicos para a doença em sua forma úmida, incluindo cirurgia a laser, terapia fotodinâmica e fármacos que são injetados no olho para retardar o crescimento de vasos sanguíneos anormais”, diz Dr. Juan Caballero.

Retinopatia diabética

“A retinopatia diabética, causa da maioria dos casos de cegueira em adultos americanos, também afeta a retina sensível à luz, prejudicando a visão de mais da metade das pessoas com diabetes com 18 anos ou mais. A prevenção mais eficaz é manter um nível normal de glicose no sangue através de medicação e um equilíbrio adequado de dieta e exercícios. A glicose no sangue deve ser monitorada rotineiramente, a pressão arterial elevada efetivamente tratada e o tabagismo evitado completamente”, destaca Caballero.

Glaucoma

“O glaucoma, outra causa principal de cegueira, envolve um aumento na pressão do fluido dentro do olho que danifica o nervo óptico. Afeta mais de quatro milhões de americanos, cerca de metade dos quais não sabem que têm a doença, e é especialmente comum entre negros e hispânicos. Pode ser detectado com um exame oftalmológico abrangente, que deve ser feito anualmente por negros e aqueles com uma história familiar da doença. Embora o glaucoma não seja curável, o tratamento para reduzir a pressão no olho é feito com colírios, e, em alguns casos, medicamentos ou cirurgia podem controlar a condição”, afirma a especialista em glaucoma Dra. Márcia Lucia Marques.

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Assessoria de Comunicação do Instituto de Moléstias Oculares