Se você tem mais de 50 anos de idade, não se assuste se, ao final da consulta com o oftalmologista, você receber uma receita de suplemento vitamínico. A cena é cada vez mais comum nos consultórios dos oculistas porque pesquisas constataram que a ingestão de antioxidantes ajuda a prevenir a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doença associada ao envelhecimento e que pode levar à cegueira.

Existem vários antioxidantes, substâncias que inibem a ação dos radicais livres e retardam o envelhecimento das células. Até agora, o National Eye Institute (NEI), órgão do governo norte-americano, já comprovou a eficácia das vitaminas C e E, dos minerais zinco e selênio e dos betacarotenóides, afirma o oftalmologista Sérgio Kniggendorf. Na dosagem adequada, esses antioxidantes reduzem em até 25% o risco de desenvolver DMRI.

Essa terapia preventiva apenas faz efeito se a pessoa ingerir suplementos vitamínicos. "Só com a dieta não é possível obter as quantidades ideais", explica Kniggendorf. Em geral, a suplementação é indicada para pessoas com mais de 50 anos de idade, principalmente aquelas com casos de degeneração macular na família, e para quem apresenta sinais precoces da doença.

Atenção: os suplementos só podem ser ingeridos segundo orientação médica --embora muitos acreditem que eles não façam mal, esses produtos podem prejudicar a saúde. "Se fumantes ingerirem grandes quantidades de betacaroteno, por exemplo, a possibilidade de câncer de pulmão pode aumentar", diz Kniggendorf. Já o consumo elevado de zinco está relacionado com o câncer de próstata.

Além da suplementação, a prevenção da DMRI inclui o uso de óculos escuros para filtrar a luz azul solar e a prática regular de exercícios --a atividade física também tem o poder de combater os radicais livres.

Grupos de risco

A DMRI costuma atingir quem tem mais de 50 anos, porém é mais freqüente a partir dos 75 anos. Fazem parte do grupo de risco pessoas com histórico familiar da doença, com pele e olhos claros e tabagistas.

A mácula é a região da retina responsável pela centralização da visão. Quando essa área se degenera, o paciente apresenta visão distorcida e embaçada, explica o oftalmologista Walter Takahashi. "Um simples exame de fundo de olho feito por um médico leva ao diagnóstico da doença."

Há um teste caseiro, bem simples, que ajuda a identificar os sintomas da DMRI (veja as ilustrações ao lado). Basta fazer um ponto no centro de uma tela quadriculada. Se a pessoa não conseguir ver esse ponto nitidamente, é sinal de que ela precisa se submeter a um exame mais detalhado, orienta Kniggendorf.

Instalada a doença, a suplementação alimentar perde a ação, não ajuda a conter o avanço da doença. Para evitar a cegueira, os pacientes podem recorrer a dois tipos de cirurgia. A cauterização com laser dos vasos sangüíneos na região da mácula é uma delas, porém contra-indicada em determinados casos, pois pode comprometer parte da retina.

A terapia fotodinâmica é um procedimento mais novo, que também utiliza laser, mas preserva a retina. O uso de uma substância de contraste, a verteporfina, evita que o laser atinja células sadias, explica Takahashi. Atualmente, a terapia fotodinâmica pode ser feita com a ajuda de uma outra substância de contraste, desenvolvida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A indocianina verde, que tem a mesma função na cirurgia e custa cerca de seis vezes menos, já está sendo exportada para outros países.










 
Fonte: Folha on Line