A catarata é a principal causa de cegueira no mundo e muitas vezes está relacionada à idade. Numa forma comum de catarata, as proteínas das lentes mudam com o tempo, desenvolvendo cromóforos - suplementos moleculares que absorvem a cor na parte azul do espectro. Os cromóforos reduzem a quantidade de luz que alcança a retina (e dá às lentes uma aparência amarelo-amarronzada), mas também atrapalham a estrutura das proteínas das lentes, fazendo com que a luz fique difusa.

A catarata pode ser tratada por uma cirurgia de substituição de lentes, mas o procedimento é invasivo e caro, exigindo equipamento especial e cirurgiões oftalmologistas bastante habilidosos. Para tornar o tratamento da catarata disponível para mais pessoas no mundo todo, uma técnica menos invasiva e mais barata é necessária.

Foi assim que Kessel, oftalmologista do Glostrup Hospital da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e colegas chegaram ao que eles dizem ser uma alternativa promissora para a cirurgia de substituição de lentes. Em sua abordagem, descrita no jornal de acesso livre PLoS ONE, eles "branqueiam" a lente com um laser.

Luzes ultravioletas podem alterar cromóforos, para que eles não mais absorvam cor, mas a luz UV pode prejudicar a retina. Assim, os pesquisadores usam luz infravermelha, emitida por meio de um laser de pulsação extremamente rápida. As pulsações são tão rápidas, afirmou Kessel, que dois fótons atingem uma molécula-alvo simultaneamente, com o mesmo efeito que se a luz UV fosse usada.

O tratamento a laser reduz a absorção de luz e também ajuda a recuperar as proteínas das lentes em sua estrutura adequada. É necessário ainda realizar muito mais pesquisas, disse Dr. Kessel, mas o objetivo é um procedimento relativamente simples que duraria meia hora, no máximo, e usaria equipamentos automatizados em clínicas móveis.

 

Fonte: Terra