O exame oftalmológico de rotina facilita o diagnóstico e o tratamento adequado

Quem chegou na terceira idade ou tem mais de 60 anos deve aumentar os cuidados com a visão e realizar periodicamente os exames oftalmológicos. O alerta é da oftalmologista do Centro Brasileiro da Visão(CBV), Kátia Delalíbera, graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, especialista em oftalmologia pela Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação e Cultura(CNRM/MEC) e retinóloga assistente do professor Dr. Marcos Ávila.

“Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma condição degenerativa, progressiva e constitui a principal causa de perda grave de visão na população ocidental com idade acima de 65 anos”, explica a médica Kátia Delalíbera.

A mácula é a região central da retina, responsável pela visão de leitura e outras tarefas refinadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde são quatro as principais causas de cegueira no mundo: catarata, glaucoma, retinopatia diabética e DMRI. Para esta, a prevenção e o tratamento ainda não atingiram níveis satisfatórios, permanecendo ainda um grande desafio a ser vencido pela oftalmologia neste século.

A população brasileira está estimada atualmente em cerca de 196 milhões de pessoas. E 20% desse total (cerca de 38 milhões de pessoas) encontram-se nas faixas etárias de prevalência da degeneração macular. Destes 38 milhões, pelo menos 5 milhões (14%) apresentam alguma manifestação de DMRI em pelo menos um olho. Nos Estados Unidos, estima-se que 29 milhões de pessoas estejam acometidas pela doença.

Segundo Kátia Delalíbera, a etiologia da DMRI não é plenamente conhecida. Entretanto, fatores de risco identificados para a doença incluem, por exemplo, a idade (acima de 60 anos), a raça branca, a genética e a condição de fumante. Também foi estabelecida uma ligação entre dietas a longo prazo pobres em algumas vitaminas e minerais antioxidantes (vitaminas A,C, E, zinco, selênio, dentre outras).

“A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) pode ser classificada em dois tipos: DMRI não neovascular também conhecida como seca ou atrófica e DMRI exsudativa, úmida ou neovascular”, esclarece a médica. A DMRI seca é responsável por aproximadamente 90% do total de casos da doença e apesar de sua grande prevalência, responde apenas por 20% dos casos de cegueira. A forma não-neovascular pode frequentemente representar um estágio inicial, passível de evolução para a forma neovascular. A perda visual na forma seca ocorre pelo acometimento do centro da visão.

Kátia Delalíbera explica ainda que “a forma exsudativa ou neovascular, menos prevalente, acomete apenas 10% do total de casos, sendo responsável por aproximadamente 80% dos casos de cegueira atribuídos à doença.” Caracteriza-se pelo crescimento de vasos sanguíneos novos e mais frágeis na retina. O extravasamento de sangue para o interior da mácula provocado pelo crescimento desses vasos leva a perdas irreversíveis das células visuais dessa região, com consequente baixa visual mais rápida e severa do que na observada na forma seca.

Os principais sintomas associados à forma exsudativa vão desde visão borrada ou mancha no centro do campo de visão, até visão distorcida ou falha de objetos. Infelizmente o paciente nem sempre percebe rapidamente o início das alterações visuais. Nestes casos, o exame oftalmológico periódico e de rotina facilita o diagnóstico precoce e possibilita o tratamento adequado, diminuindo as perdas visuais. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o resultado terapêutico.

Kátia Delalíbera ressalta que embora a DMRI raramente provoque cegueira total, quando ocorre nos dois olhos, a capacidade do paciente de realizar tarefas visuais normais como ler, manusear dinheiro, ver as horas, reconhecer rostos e dirigir é fortemente prejudicada. Consequentemente, a qualidade de vida é significativamente reduzida. A perda da visão, resultando na perda da independência e uma baixa autoestima, pode ser muito estressante e debilitante para os pacientes, levando à depressão.

Historicamente, essa doença tem sido tratada por radioterapia, fotocoagulação a laser ou procedimentos cirúrgicos, embora os resultados com o uso dessas técnicas tenham falhado em mostrar benefícios consistentes para os pacientes. As abordagens farmacológias mais recentes como o uso de injeções intraoculares de Lucentis (medicamento que inibe o crescimento de novos vasos na retina) proporcionarão desfechos mais consistentes no tratamento da DMRI neovascular. Lucentis foi desenvolvido especificamente para uso ocular e é a primeira terapia para tratamento da DMRI neovascular que oferece aos pacientes a oportunidade de manter e melhorar a visão.

O uso de Lucentis tem demonstrado ser seguro e bem tolerado, mostrando raros eventos adversos oculares graves. É a primeira terapia no tratamento da DMRI neovascular que proporciona esperança tanto para os pacientes quanto para os médicos em tratar esta doença grave e devastadora.



 
 
 
 
 
 
Fonte: Portal CBV